Traficante Paulão integrou-se à facção do bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, diz Denarc

Traficante Paulão integrou-se à facção do bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, diz Denarc

Ele foi preso na operação "Senhores do Crime", cuja investigação apontou que acordo de paz e divisão territorial da vila Maria da Conceição não deu certo entre as lideranças de três organizações criminosas em conflito

Correio do Povo

Houve o cumprimento de 58 ordens judiciais na manhã desta quinta-feira

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O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil descobriu na operação “Senhores do Crime", cujos alvos eram sobretudo lideranças de três facções criminosas em conflito, que o conhecido traficante Paulão associou-se a uma organização criminosa. Ele foi preso na manhã desta quinta-feira durante a ação policial em uma casa de dois andares na vila Maria da Conceição, no bairro Partenon, em Porto Alegre. No dia 2 de fevereiro deste ano, Paulão recebeu a tornozeleira eletrônica, depois de ser beneficiado com prisão domiciliar de 90 dias devido aos problemas de saúde. Ele foi condenado em 2017 a uma pena de 28 anos de reclusão por homicídio.

Responsável pela investigação desde abril deste ano, o delegado Guilherme Dill observou que o traficante “saiu há pouco tempo do presídio e já está integrando uma facção”, referindo-se ao grupo que atua no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre. “Ele representa, na figura que tem, o poder que essa facção ganha trazendo essa liderança para dentro do próprio grupo”, avaliou. “Essa facção conseguiu trazer o Paulão na tentativa de também dividir a vila Maria da Conceição e trazer os lucros decorrentes do tráfico”, frisou o delegado Guilherme Dill.

As lideranças de facções tentaram acordo sobre divisão territorial de áreas da vila Maria da Conceição e parte do bairro Santa Tereza. Uma série de homicídios antecedeu a essa tentativa de negociação e a ideia era fazer com que as mortes parassem. Além disso, dívidas que existiam também não foram quitadas, o que contribuiu para as execuções.

“Essas facções queriam estancar os homicídios exatamente em decorrência dessas disputas por territórios do tráfico de drogas”, acrescentou o diretor geral do Denarc, delegado Carlos Wendt. “Durante as investigações tivemos acesso a uma tentativa de acordo de paz entre eles e que cessasse a violência, mas infelizmente não foi possível”, esclareceu.

“Essas facções possuem projetos de poder. Eles não se contentam com pontos de narcotraficância. Eles querem crescer como grupo e formar estados paralelos. Eles tentam esses acordos de paz sempre visando o lucro da facção, dividindo Porto Alegre em território de traficância”, complementou o delegado Guilherme Dill. “Essas facções queriam estancar os homicídios exatamente em decorrência dessas disputas por territórios do tráfico de drogas”, afirmou. “O acordo deles não deu certo. Eles têm um projeto de poder que não permite com que eles convivam no mesmo território. Eles possuem um respeito mútuo entre eles, mas a divisão não foi de acordo”, sublinhou.

“A gente verificou que os líderes conversam entre si, vendem armas e drogas uns para os outros, e dividem territórios para o narcotráfico, enquanto que a base está sempre em conflito”, lembrou o delegado Guilherme Dill.

Ordens judiciais 

Houve o cumprimento de 32 mandados de prisão temporária e 26 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Gravataí, Charqueadas, Guaíba e Canoas, além do bloqueio judicial de dez contas bancárias. Com 150 agentes, 40 viaturas e um helicóptero, a ação resultou em 23 presos e na apreensão de telefones celulares, drogas e veículos, entre outros materiais.

A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) prestou apoio na execução das ordens judiciais na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, Penitenciária Modulada de Charqueadas, Penitenciária Estadual de Porto Alegre, Penitenciária de Canoas e Penitenciária Feminina de Guaíba.

“É uma resposta da Polícia Civil de que não será tolerado qualquer tipo de projeto de poder de nenhuma facção criminosa”, declarou o delegado Guilherme Dill. “A investigação vai continuar. Existem poupanças dessas facções em nome de laranjas”, assegurou.


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