Um ano depois, caso Bernardo ainda aguarda julgamento

Um ano depois, caso Bernardo ainda aguarda julgamento

Pai, madrasta e outros dois acusados pelo assassinato que chocou Três Passos seguem presos

Fernanda Pugliero

Primeiro defensor de Leandro Boldrini solicitou que 37 pessoas fossem ouvidas

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O ano passou depressa enquanto o processo que investiga o assassinato do garoto Bernardo Boldrini ainda tramita na Justiça. Apesar de à época da denúncia do crime pelo Ministério Público existir a expectativa de que o julgamento levaria no máximo um ano para ocorrer, neste sábado, 365 dias depois, os quatro acusados de envolvimento seguem sem ir a júri. Naquela tarde de abril, Bernardo foi morto e enterrado em uma cova rasa no município de Frederico Westphalen, sob suspeita do envolvimento do pai do menino, o médico Leandro Boldrini; a madrasta Graciele Ugulini; a amiga desta, Edelvânia Wirganovicz; e o irmão de Edelvânia, Evandro.

Todos permanecem presos, contudo. Os réus ainda não foram interrogados pela Justiça, o que deve ocorrer assim que a última testemunha de defesa for ouvida. Também está sendo aguardado o Instituto-Geral de Perícias (IGP), para que se manifeste acerca do resultado da perícia do receituário supostamente assinado por Leandro para a compra do medicamento Midazolam, provável responsável pela morte do menino.

Uma das justificativas para a demora pela decisão se haverá ou não júri popular é a quantidade de testemunhas convocadas. “Certamente, quando a promotora que então atuava no caso fez a previsão de um ano até o julgamento, não se esperava que as defesas fossem arrolar tantas testemunhas”, afirmou a atual promotora do caso Silvia Jappe, referindo-se à promotora Dinamárcia Maciel, que elaborou a denúncia. O primeiro defensor de Leandro Boldrini solicitou que 37 pessoas fossem ouvidas. Os advogados que assumiram o caso após o afastamento de Jader Marques desistiram da maioria das oitivas convocadas. Ao todo, foram realizadas 18 audiências de instrução, 25 testemunhas de acusação e 28 de defesa foram ouvidas.

Comoção de Três Passos

Na opinião de Dinamárcia, que chegou a conhecer a angústia do menino antes de ele ser assassinado, o Caso Bernardo causou comoção nacional e repercutiu até mesmo internacionalmente por uma conjugação de fatores. Um deles foi o engajamento da comunidade de Três Passos na busca pelo menino após a divulgação do suposto desaparecimento. “Essa mobilização para as buscas transmutou-se num movimento para pedir a punição dos culpados”, analisou a promotora.

Também contou para mobilizar as pessoas o fato de o menino procurar ajuda no Foro local meses antes de ser morto. Bernardo afirmou que queria outra família. Inclusive, uma reunião entre o juiz, o garoto e seu pai chegou a ser feita. Neste encontro, Leandro teria se comprometido a dar mais atenção ao filho. Bernardo teria decidido dar “mais uma chance ao pai”.

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