Um negro morre a cada quatro horas no Brasil pelas mãos da polícia, diz relatório

Um negro morre a cada quatro horas no Brasil pelas mãos da polícia, diz relatório

Estudo foi realizado por uma rede de ONGs especializadas em segurança pública

AFP

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A cada quatro horas, no ano passado, uma pessoa negra morreu no Brasil em consequência de intervenções policiais, revelou, nesta quinta-feira (16), um relatório de uma rede de ONGs especializadas em segurança pública. 

Em 2022, 87% dos mortos pelas mãos da polícia foram negros, de acordo com o relatório "Pele Alvo: a bala não erra o negro", elaborado pela Rede de Observatórios da Segurança. 

O trabalho analisou boletins policiais de oito estados brasileiros, entre eles Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, com um balanço de 2.770 negros mortos. 

Pelo quarto ano consecutivo, a população negra foi a maior vítima da violência policial, em um país onde pouco mais da metade de seus habitantes (56%) se declaram pretos ou pardos.

"Mais uma vez, o número de negros mortos pela violência policial representa a imensa maioria e a constância desse número, ano a ano, ressalta a estrutura violenta e racista na atuação desses agentes de segurança nos estados, sem apontar qualquer perspectiva de real mudança de cenário", disse, em uma nota, Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios. 

"É necessário tomar a letalidade das pessoas negras causada por policiais como uma questão política e social", acrescentou Ramos. 

Bahia e Rio, dois dos estados onde os problemas de segurança mostraram-se latentes neste ano, reuniram juntos, em 2022, 66% das mortes, segundo os dados compilados pelo relatório. 

No mês passado, o governo federal anunciou medidas para tentar frear a espiral de violência nesses estados. 

Além disso, neste mês, anunciou uma operação militar nos principais portos e aeroportos do país ante uma situação de violência "muito grave" devido ao crime organizado. 

Entre 2015 e 2022, as mortes em decorrência de intervenções policiais cresceram 300% na Bahia, onde as forças de segurança registram a maior taxa de letalidade entre as avaliadas pela rede de ONGs. 

Os agentes de segurança desse estado mataram 1.121 pessoas negras em 2022. No Rio, estado com a segunda maior letalidade policial, foram 1.042.


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