Vandalismo provoca prejuízos de R$ 400 mil em Porto Alegre

Vandalismo provoca prejuízos de R$ 400 mil em Porto Alegre

Poder público municipal gasta a quantia anualmente para reparar os locais

Luiz Tósca

Pichações são feitas em vários locais da cidade, sujando paredes ou muros e causando grandes prejuízos

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O vandalismo ao patrimônio público em Porto Alegre provoca prejuízos de R$ 400 mil anuais. Conforme o gerente de Sinalização do Mobiliário Urbano da EPTC, Abaeté Torres, as ocorrências de furto ou vandalismo registradas nos últimos anos envolve placas de trânsito, paradas de ônibus e semáforos, principalmente aqueles localizados nas imediações de escolas, casas noturnas e bares, que concentram muitos jovens. “Em 2013, tivemos muita destruição de placas e paradas de ônibus, mas no ano passado a situação mudou um pouco por causa da Copa do Mundo, com a chegada de estrangeiros”, disse. “De certa forma isso fez com que as pessoas se conscientizassem e cuidassem mais do patrimônio”, destaca Torres.

O gerente ressalta que o roubo de placas de trânsito continua sendo um dos principais delitos. As placas de “Pare” são as preferidas. Existe, segundo ele, quase que um fetiche por esse tipo de sinalização e muitos jovens guardam as peças no próprio quarto como um troféu. Os semáforos são alvo de pistoleiros. Esses são depredados geralmente na madrugada por pessoas que resolvem fazer tiro ao alvo nos faroletes. “Chegamos a elevar um pouco a altura dos semáforos para que o equipamento ficasse longe do alcance de criminosos”, contou, “Isso fez com que reduzisse um pouco os atos de vandalismo”.

O mapeamento das ocorrências de destruição do patrimônio público permite concluir que o alvo dos vândalos não está concentrado no Centro ou limitado a monumentos históricos ou prédios mais antigos. Casas particulares também são atingidas. Em alguns pontos da cidade há câmeras de vigilância e policiamento ostensivo, mas não há uma cobertura total. Conforme a prefeitura, a maioria dos vândalos não tem passagem pela Polícia. Os tipos de materiais usados para o vandalismo são a tinta PVA e o spray automotivo, este com maior poder de penetração em materiais porosos como a pedra, algo que dificulta a remoção da tinta.

O diretor de Operações da EPTC, Marcelo Soletti de Oliveira, lembra que no fim do ano passado a prefeitura gastou R$ 45 mil para a recuperação de cinco elevadores das estações da Terceira Perimetral, depredados por vândalos. “Os equipamentos tiveram as portas quebradas, painéis e botoneiras arrancados e internamente foram destruídos”, ressaltou. “Muitos dos elevadores apresentavam corrosão de partes metálicas por causa da ação da urina de pessoas que usavam o equipamento como banheiro”, lamenta.

Pichadores devem reparar o dano

O coordenador da Memória Cultural do Município, o arquiteto Luiz Antônio Custódio, acredita que alguns danos ao patrimônio histórico da Capital estão relacionados a motivos ideológicos ou políticos, mas há também o furto de metal para vender como sucata. Esse é o caso de usuários de entorpecentes que furtam qualquer coisa para comprar drogas.
No mês passado, Custódio participou de uma reunião com representantes da Brigada Militar, Guarda Municipal, Sinduscon e Procuradoria Geral do Estado, para estudar formas de coibir furtos e atos de vandalismo, principalmente contra os monumentos. “Uma das propostas foi cercar alguns parques, como o Germânia e a Redenção”, disse o coordenador. “Também teríamos que iluminar melhor esses espaços e colocar cercas eletrônicas com sensores de movimento, pois a maioria dos atos de vandalismo ocorre de noite ou de madrugada”, destacou.

Os pichadores flagrados são autuados e respondem a um procedimento de apuração de ato infracional, como prevê a Lei de Crime Ambiental. A pena é de três meses a um ano, com prestação de serviço à comunidade ou reparação do dano. É considerada crime a destruição, inutilização ou deterioração da propriedade alheia. Segundo Custódio, os casos de vandalismo envolvendo patrimônio municipal são encaminhados à Procuradoria Geral do Município.

Disque-pichação

O Disque-pichação, que funciona em Porto Alegre desde maio de 2006, permite à população denunciar atos de vandalismo contra prédios públicos e monumentos. Pelo telefone 153, as pessoas podem denunciar qualquer ato sem precisar se identificar. O serviço integra o programa Vizinhança Segura.

A iniciativa possibilita identificar vândalos e pichadores que atuam na Capital, danificando monumentos e desvalorizando pontos turísticos. Levantamento preliminar feito pela prefeitura indica que desde 2006 quando foi inaugurado o Disque-pichação , até o fim do ano passado, foram registradas 1.375 ocorrências de vandalismo, com a apreensão de 90 adolescentes infratores e outros 254 maiores de 18 anos, totalizando 344 flagrados pichando ou destruindo algum prédio ou monumento. As câmeras de segurança também são aliadas no combate ao vandalismo ou pichação.

Somente no ano passado foram presos 36 pichadores e apreendidos outros dois adolescentes. A maioria dos envolvidos neste tipo de crime é jovem, na faixa etária de 23 a 25 anos, com ensino médio ou superior e pertencentes à classe média-alta. Os bairros mais atingidos por atos de depredação foram Centro, Partenon, Cidade Baixa, Lomba do Pinheiro e Restinga. Estas áreas somam mais de 80% das ocorrências. Uma equipe com cerca de 20 agentes da Guarda Municipal atende 24 horas por dia, mantendo também um serviço de inteligência integrado com a Brigada Militar.


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