Às vésperas de possível extradição, Lula pede liberdade de Assange
Nesta segunda-feira, tribunal britânico decide futuro do jornalista
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pedir neste domingo a libertação do jornalista Julian Assange, preso no Reino Unido e acusado de espionagem pelos Estados Unidos da América (EUA).
O fundador do site WikiLeaks aguarda a decisão do Supremo Tribunal de Londres nesta segunda-feira (20), que pode extraditá-lo para os EUA.
Lula afirmou que o jornalista deveria ter sido premiado por revelar "segredos dos poderosos" em vez de estar preso. "Espero que a perseguição contra Assange termine e ele recupere a liberdade que merece o mais rápido possível."
A acusação Assange enfrenta 18 acusações baseadas na Lei de Espionagem dos EUA. Se condenado, pode pegar até 175 anos de prisão. Ele é acusado de ter revelado 250 mil documentos militares e diplomáticos confidenciais que expuseram crimes de guerra e abusos de direitos humanos ocorridos nas guerras do Afeganistão e do Iraque.
As autoridades estadunidenses buscam condenar Assange argumentando que suas ações no WikiLeaks prejudicaram a segurança nacional dos EUA, colocando em perigo a vida de agentes norte-americanos, segundo a Reuters.
A possível extradição do jornalista é criticada por organizações de jornalistas e entidades de direitos humanos.“As acusações com motivação política representam um ataque sem precedentes à liberdade de imprensa e ao direito do público à informação – procurando criminalizar a atividade jornalística básica”, afirma a campanha FreeAssange, liderada pela esposa do jornalista, Stella Assange.
Repercussão A organização de direitos humanos Anistia Internacional considera que a extradição do jornalista é um “devastador” ataque à liberdade de imprensa.“A publicação de conteúdos do interesse público é uma pedra angular da liberdade dos meios de comunicação social. Extraditar Julian Assange para enfrentar alegações de espionagem por publicar informação classificada estabeleceria um precedente perigoso e deixaria muitos jornalistas apreensivos e inseguros em todo o mundo”, disse Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia.
A extradição também foi criticada pelo ex-relator especial das Nações Unidas sobre Tortura, Nils Melzer, que chegou a pedir aos EUA que abram mão das denúncias contra Assange.
“O caso é um enorme escândalo e representa o fracasso do Estado de direito ocidental. Se Julian Assange for condenado, será uma sentença de morte para a liberdade de imprensa”, afirmou o especialista em direitos humanos.