"É uma reação política ao processo técnico jurídico", diz Janot sobre CPI da JBS

"É uma reação política ao processo técnico jurídico", diz Janot sobre CPI da JBS

Ex-procurador-geral da República disse ainda que continuidade da Lava Jato depende do apoio da população

AE

Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República

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Dois meses depois de deixar a cadeira de procurador-geral da República, Rodrigo Janot decidiu falar. Estreou uma conta no Twitter, passou a participar de eventos internacionais e, em entrevista ao Estado, denunciou o que considera uma "reação orquestrada" de políticos contra Ministérios Públicos na América Latina. No Brasil, segundo ele, a investida contra os procuradores vem por meio da CPI mista da JBS. "Vamos falar bem claro, é a CPI do Ministério Público Federal. Isso é muito grave."

A continuidade dos trabalhos da Lava Jato, para o ex-procurador-geral, passa pela articulação "transnacional" para investigar as reações políticas e pelo apoio da sociedade. "E se não houver apoio da cidadania corremos um seríssimo risco de nada mudar. O cidadão tem que entender isso", ressaltou.

Responsável pela condução das investigações contra parlamentares, ministros e presidentes nos últimos quatro anos, Janot aposta em 2018 como um ano decisivo no qual "as urnas julgarão" os políticos. Nenhum envolvido em escândalos merecerá seu voto, afirma.

Janot diz ainda que "faria exatamente a mesma coisa" na negociação da delação com a J&F. "Quando se vê um presidente da República e um senador da República cometendo crime em curso eu não poderia permitir que isso continuasse sem tomar nenhuma providência.", afirmou. Segundo ele, a Lava Jato não é uma questão só do Ministério Público: "É da sociedade brasileira e dos países atingidos".

Janot reafirmou que não será candidato nas eleições. "Nem em 2018, nem 2022". "Me engajar em projetos que ajudem a prosseguir no processo civilizatório e melhorar o processo político isso eu posso cogitar, sim. Não irei para palanque, não vou fazer discurso, mas emitirei opiniões sobre fatos e pessoas.", ressaltou.

Em relação a rejeição pela Câmara da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, Janot diss que é "um julgamento político" e ressaltou que "as urnas julgarão essas pessoas".


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