"A confiança do sistema está demonstrada desde 1996", afirma novo presidente do TRE-RS

"A confiança do sistema está demonstrada desde 1996", afirma novo presidente do TRE-RS

Francisco José Moesch assume o TRE gaúcho com a missão de combater fake news e defender as urnas eletrônicas nesta eleição

Correio do Povo

Moesh terá a tarefa de diplomar os eleitos no pleito deste ano

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Ao tomar posse como presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), na semana passada, o desembargador Francisco José Moesch assumiu a tarefa de diplomar, em 19 de dezembro deste ano, o governador, o senador e os deputados estaduais e federais escolhidos pelos gaúchos nas eleições deste ano. No início de um processo que pode ser conturbado, devido aos movimentos para desacreditar o sistema eletrônico de votação e à disseminação de fake news, Moesch conserva o otimismo e prepara o tribunal para enfrentar o período “movimentado”, segundo suas palavras. Ele aposta no trabalho da comissão criada para enfrentar a desinformação e na parceria com a imprensa “tradicional” e as redes sociais para aumentar a transparência e a interação com eleitores e candidatos. Com o cadastro eleitoral ainda em processamento, Moesch também comemora o aumento de 144,9%, em relação a 2020, no engajamento de eleitores com menos de 18 anos.

Confira a entrevista do Correio do Povo com o novo presidente.

Como o TRE gaúcho se prepara para enfrentar o provável aumento de fake news na eleição deste ano?
Nós temos uma campanha muito forte contra a desinformação, que chamamos fake news. E nós respondemos à desinformação com informação. (...) Estamos presentes de forma ativa no Facebook, Instagram, YouTube, TikTok e agora estamos fechando convênio com o Telegram. Tanto a imprensa tradicional quanto esses desdobramento para as redes sociais têm nos ajudado nisso. 

Serão destacados servidores especificamente para esta finalidade? 
Temos a Comissão de Enfrentamento à Desinformação, formada por servidores de todas as unidades do TRE, com a presidência do desembargador Jorge Dallagnol. Temos várias atividades ainda em planejamento. Nosso site está sendo reformulado para receber informações, reclamações. Serão feitas campanhas contra a desinformação.

Além do transporte de urnas a lugares de difícil acesso, haverá participação militar na fiscalização do pleito? 
Os militares nos ajudam muito. Esteve conosco o comandante militar do Sul. Foram feitas palestras para eles. Nós levamos servidores para ajudar. Temos uma relação muito boa com a Polícia Federal, a Brigada Militar, a Polícia Civil também. Eles foram convidados e participaram inclusive de auditorias. A sociedade como um todo foi convidada a participar. Alguns participaram em uma fase, outros em outras fases e nos ajudam muitíssimo. 

Que medidas diferenciadas o TSE prevê para esta eleição?
Na votação paralela, por exemplo. Em 2020, se fez com três urnas. Vamos fazer agora com 27 urnas, nove vezes mais. Mas o que me parece importante é o reconhecimento da urna eletrônica, inclusive por sua eficiência e segurança. (...) A urna eletrônica começou em uma reunião aqui em Caxias do Sul, com servidores da Justiça Eleitoral do Brasil e muitos, inclusive, do Rio Grande do Sul. Era presidente do TRE o desembargador Tupinambá Miguel Castro do Nascimento. O corregedor-geral nacional era gaúcho, o ministro Paulo Roberto Costa Leite, e ele presidiu essa reunião em Caxias. (...) E aí, em 1996, a urna eletrônica veio nos municípios com mais de 200 mil eleitores. 

Desde então, esta é a primeira eleição em que são levantadas tantas questões sobre o sistema eletrônico...
A confiança do sistema está demonstrada desde 1996, são 26 anos. O presidente da República, que eu me lembre, levantou alguma coisa, mas não comprovou. (...) Isso pode ser uma estratégia de campanha. O que me parece importante também é que ele sempre foi eleito nesse sistema, como deputado federal. E, em 2018, um filho foi eleito senador pelo Rio de Janeiro e outro, o deputado mais votado do país, por São Paulo. Citei na minha posse uma passagem do discurso do ministro Luís Roberto Barroso. “Democracia não é o regime político do consenso, mas aquele em que o dissenso é legítimo, civilizado e absorvido institucionalmente. Quem pensa diferente de mim, não é meu inimigo, mas meu parceiro na construção de uma sociedade aberta, de um mundo plural.” Olha que coisa linda.

O ministro Alexandre de Moraes assumirá o TSE em meio a atritos com o presidente da República. Isso tende a recrudescer? 
Pode ser que sim, pode ser que não. O presidente da República, depois daquele pronunciamento de Sete de Setembro, pediu desculpas. Nós vamos fazer o nosso papel, fazer o que está dentro da Constituição, da Declaração dos Direitos Humanos, e o que está na legislação. 

O que o senhor recomendaria ao eleitor que se prepara para votar? 
Que procure se informar muito bem, estudar a trajetória dos seus candidatos, olhar a produtividade (...) Se é um candidato que vai à reeleição, que o eleitor veja o trabalho dele na Assembleia Legislativa, na Câmara de Deputados, no Senado. Que olhe a história do candidato, o número de projetos, do que ele participou com destaque, se era um deputado do que chamamos “baixo clero”, ou não. E essa terminologia não é minha, é dos jornalistas de política. É um parlamentar que não é de primeira linha. Outros, por exemplo, são pessoas qualificadas, que presidem comissões importantes, têm um trabalho parlamentar forte. Eu recomendaria que procure se informar sobre a atividade de quem é candidato pela primeira vez.

Foto: Matheus Piccini


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