Acusação de Cunha contra Moreira Franco preocupa Planalto
Operação teria começado com eleição de Rodrigo Maia para presidência da Câmara
publicidade
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste sábado, o deputado cassado afirmou que o programa de concessões do governo Temer "nasce sob suspeição", com risco de escândalo. "Na hora em que as investigações avançarem, vai ficar muito difícil a permanência do Moreira no governo", disse Cunha.
Ele acusou Moreira Franco de estar por trás de irregularidades no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), que é administrado pela Caixa e financia obras de infraestrutura. Segundo Cunha, a operação de financiamento do Porto Maravilha foi montada por Moreira Franco.
O secretário executivo do PPI ocupou a vice-presidência de Fundos e Loterias da Caixa de 2007 a 2010, antes de Fábio Cleto, que denunciou Cunha ao fazer delação premiada. O empresário Ricardo Pernambuco, da Carioca Engenharia, também afirmou à Procuradoria-Geral da República, no âmbito das investigações da Lava Jato, que Cunha cobrou propina de R$ 52 milhões em troca da liberação de verba do FI-FGTS para o Porto Maravilha. O deputado cassado classificou como "surreal" a acusação.
Parlamentares governistas interpretaram as afirmações de Cunha como fruto da mágoa de quem acaba de ser cassado. "Acho que ele está um tanto magoado, isso é natural. Eduardo Cunha é um homem ressentido, que está fora do processo político", disse o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).
Pauderney também saiu em defesa da eleição de Maia para a presidência da Câmara. "O Rodrigo se viabilizou por ele." Maia foi procurado, mas não comentou as declarações do peemedebista. A leitura que aliados do governo fizeram é que, ao eleger Moreira Franco como alvo, Cunha mostra que tem "bala para atirar", só resta saber se ele tem provas a apresentar. Para um líder da base aliada, Cunha "mata dois coelhos (Maia e Moreira) com uma paulada só".
Para o vice-líder da bancada do PT, Paulo Pimenta (RS), Cunha sinaliza que não está ressentido apenas com "traidores" e desafetos, mas que tem muito a dizer sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que pode comprometer Temer. "Foi um sinal para o Moreira Franco e ao governo Temer que ele (Cunha) não está morto."