Alckmin reúne DEM e aliado vê desembarque

Alckmin reúne DEM e aliado vê desembarque

Deputado Silvio Torres afirma que dificilmente tucanos continuarão no governo

AE

Deputado Silvio Torres afirma que dificilmente tucanos continuarão no governo

publicidade

Principal aliado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na Executiva do PSDB, o deputado federal Silvio Torres (SP), secretário-geral da legenda, disse nesta segunda-feira, em entrevista à TV Estadão que depois da votação da admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer no plenário da Câmara dificilmente os tucanos continuarão no governo.

A declaração foi feita poucas horas antes de um jantar marcado a pedido da cúpula do DEM na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. A previsão era de que o encontro, que não estava na agenda oficial de Alckmin, reunisse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), o líder do DEM na Casa, Efraim Filho (PA), e o prefeito de Salvador, ACM Neto.

Além do cenário político após a votação no plenário, a reunião tinha outra pauta polêmica: o assédio de Maia aos deputados do PSB, partido do vice-governador de São Paulo, Márcio França, que é um dos principais articuladores da pré-campanha de Alckmin à Presidência em 2018. O movimento do presidente da Câmara enfraqueceu a articulação de França para presidir o PSB.

Torres, que se reuniu nesta segunda com França nos Bandeirantes antes da reunião com o DEM, afirmou que ainda não foi definida a posição oficial do partido sobre a votação da denúncia no plenário, mas disse que a bancada de 46 deputados deve ser liberada, como aconteceu na votação da admissibilidade da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O secretário-geral do PSDB avalia que hoje há uma "ampla maioria" favorável ao desembarque dos quatro ministros tucanos no governo. São eles Bruno Araújo (Cidades), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Luislinda Valois (Direitos Humanos) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores).

"Após a votação o PSDB dificilmente ficará no governo. Teremos a liberdade política de nos articular para 2018. Ficaremos em uma posição crítica de poder fazer a avaliação do atual do governo",
disse o tucano.

Segundo o parlamentar, a situação de Temer nos últimos 60 dias, período em que vieram à tona a delação da JBS e as gravações realizadas pelo empresário Joesley Batista, "obrigaram (o partido) a fazer nova reflexão" sobre o apoio ao governo. "Não precisamos de cargo no governo Temer para apoiar o programa de governo", defendeu o secretário-geral do PSDB.

Protagonismo Neste cenário, disse, a decisão sobre o encaminhamento da denúncia deve ser encarada pelos deputados como forma de garantir à sociedade brasileira "o direito de saber se o presidente está envolvido em corrupção gravíssima", o que, segundo Torres, daria um protagonismo mais autêntico ao Congresso Nacional.

Torres reiterou que é favorável ao encaminhamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), cujo relatório deve ser votado na próxima quarta-feira.

"O relator foi muito preciso na avaliação de que, em caso de dúvida sobre admissibilidade da ação, a decisão tem de ser pró-sociedade", afirmou. O relatório a favor da continuidade da denúncia, de Sergio Zveiter (PMDB-RJ), no entanto, foi derrotado na CCJ.

De acordo com Torres, porém, ainda não houve uma reunião do partido para tratar especificamente da posição na votação da denúncia no plenário. O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Trípoli (SP), deve marcar para terça ou quarta-feira uma reunião para discutir a questão. Em outra frente, os ministros tucanos foram convocados por Michel Temer para tentar virar votos na bancada.

Os governadores do PSDB também foram procurados pelo presidente e chamados para ajudar na ofensiva.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895