Aliados admitem que saída de ministro do Turismo é desgastante para governo

Aliados admitem que saída de ministro do Turismo é desgastante para governo

Henrique Alves, citado na delação de Sérgio Machado, pediu demissão

AE

Henrique Alves, citado na delação de Sérgio Machado, pediu demissão

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Líderes de partidos aliados ao governo Michel Temer reconheceram que a saída de mais um ministro é desgastante, mas alegaram que a gestão do peemedebista demonstrou ser diferente da antecessora, a presidente afastada Dilma Rousseff, que na avaliação deles "passava a mão na cabeça dos seus". Citado na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, pediu demissão do cargo nesta quinta-feira.

"É óbvio que não estamos vivendo dias normais, em algum momento o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo) deve ter se sentido desconfortável em continuar à frente do ministério", comentou o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM).

Pauderney reconheceu que o governo poderia desde o início da nova gestão ter adotado o critério de não fazer nomeações de investigados na Operação Lava Jato, mas que nas últimas demissões se comportou da maneira correta. "Ele (Temer) não está acobertando", comentou. "Não tenha dúvidas de que há desgaste, mas seria maior se não se tomassem providências." Já o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), afirmou que o governo Michel Temer tem deixado clara a sua diferença em relação ao governo Dilma Rousseff e que agora é a hora de buscar um substituto para Alves. "Esses percalços todos vão sendo superados, ninguém é insubstituível." Para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (DEM-GO), o pedido de demissão de Alves foi "oportuno". Para ele, Alves teve um gesto de grandeza para evitar "desvios de discussão".

Questionado se o presidente Temer, que também foi citado na delação, deveria pedir demissão, Caiado afirmou que são casos diferentes. "Os ministérios são cargos de confiança da presidência e, como tal, ninguém deve pressionar ou usar das ligações com o presidente para permanecer no cargo, como acontecia na gestão da presidente Dilma Rousseff", opinou.

Caiado também considerou que Temer já fez uma declarado pública hoje e esclareceu o assunto. "Temer contestou não só quem fez essa declaração contra ele, mas disse que se tivesse praticado qualquer crime não teria condições de estar na Presidência da República", lembrou o parlamentar.

A defesa dos governistas é de que o governo Temer atua de maneira diferente no combate à corrupção dentro do governo. "O modelo implantado pelo atual governo é diferente do anterior, ou seja, qualquer suspeita, mesmo que ele não tenha amanhã a culpabilidade do que foi dito, ele tem que ter a responsabilidade de não confundir problemas de ordem pessoal com problemas de governo." Comissão do Impeachment Tão logo o ministro Henrique Alves pediu demissão, a notícia foi comentada pelos senadores na Comissão Especial do Impeachment.

O tema foi trazido pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que chegou a ler na comissão a notícia sobre a demissão do ministro. A iniciativa causou revolta na base de Temer, e um dos principais aliados do presidente, o senador Wlademir Moka (PMDB-MS), respondeu.

"Esse é um governo em que os ministros se demitem. Não ficam se escondendo na saia de ninguém", argumentou Moka. Gleisi rebateu dizendo que "não há escolha, diante da gravidade das denúncias".

O senador Ronaldo Caiado resolveu lembrar à oposição que também possuem parlamentares citados na delação de Sérgio Machado. "Vamos parar de falar em corda em casa de enforcado", disse.

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