Ampla articulação evitou prévia e racha no MDB

Ampla articulação evitou prévia e racha no MDB

Após apelo de lideranças, pré-candidatos não fizeram inscrição na prévia que escolheria quem disputaria o Piratini

Mauren Xavier

Na corrida pela indicação do partido ao Piratini estão o Alceu Moreira e Gabriel Souza

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O presidente estadual do MDB, Alceu Moreira, e o deputado estadual Gabriel Souza já tinham organizado como seria a inscrição na prévia do partido, nesta quinta-feira, quando receberam o convite de lideranças emedebistas para conversar, ainda na tarde de quarta-feira. O apelo era para que ambos recuassem de suas pré-candidaturas, esvaziando, assim, a realização das prévias. Às 18h desta quinta-feira terminou o prazo para inscrição na prévia do MDB e não houve nenhum inscrito.

A justificativa oficial para tal pedido tinha argumentos que passavam pelas incertezas estadual e nacional do MDB e a necessidade de unidade partidária. Ela também passava pelas recentes movimentações envolvendo o governador Eduardo Leite (PSDB), que era tido como um personagem central que orbitava em torno da discussão da prévia. Nos bastidores, porém, havia um outro elemento que pesou: a toxicidade dos embates, indiretos e nem todos públicos, envolvendo os pré-candidatos.

Esse duelo havia ficado em mais evidência quando integrantes começaram a anunciar apoio para um ou para outro. O receio central, segundo integrantes emedebistas, era que o partido corria o risco de implodir até o dia 19 de fevereiro, quando estava prevista a prévia. E, no final das contas, não haveria um vencedor, mas uma candidatura fragmentada e que não conseguiria unir o partido na corrida ao Piratini. Resultado esse que não seria bom para nenhum lado. 

Recuo aconteceu, mas não totalmente

O apelo veio das bancadas de deputados federais e estaduais e dos principais líderes do partido, como os ex-governadores Pedro Simon, Germano Rigotto e José Ivo Sartori, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e o ex-senador José Fogaça, entre outros. O movimento ocorreu após tentativas fracassadas da busca de consenso entre os dois pré-candidatos. Após longas e tensas horas de conversa, por volta das 20h30min de quarta-feira, houve a divulgação de uma nota oficial na qual essas lideranças faziam o pedido público pela suspensão da prévia. Porém, nesse momento, ambos já tinham aceito o apelo, após reuniões em separado com integrantes que assinaram a nota. 

A verdade é que o recuo só não foi completo, uma vez que ambos mantiveram a intenção de concorrerem ao Piratini neste ano. Mas como um interlocutor emedebista resumiu: “a bola está no meio do campo”. Em outras palavras, o jogo recomeçou. Mesmo assim, não há como negar que os embates acirrados das últimas duas semanas não deixaram marcas. Um exemplo é que tanto Alceu quanto Gabriel optaram por não se manifestar ontem sobre a decisão de recuar das inscrições na prévia.

Enquanto se reorganiza internamente, o próximo round da discussão sobre a corrida ao Piratini no MDB passará pela eleição para a presidência do diretório estadual, que será em março. Caberá ao escolhido liderar e organizar o partido para a eleição deste ano. 

 

Núcleo critica decisão de grupo

O movimento de lideranças emedebistas em relação à prévia gerou reação da Juventude do partido. Por meio de nota, o núcleo manifestou “inconformidade e indignação” com a decisão de impedir a disputa interna, em fevereiro. “A juventude gaúcha do MDB, embora respeite muito a história de cada um destes líderes, repudia veementemente a forma com que um pequeno grupo (...) tomou tal atitude, sobrepondo a decisão do diretório estadual do MDB e da vontade da base do partido”, traz trecho da nota. No final, o núcleo pede que o diretório estadual define uma data para que a base do partido possa “participar” da decisão da escolha do candidato do partido na disputa ao Piratini. 


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