Após 19 anos, José Dirceu volta ao Congresso em sessão solene sobre democracia

Após 19 anos, José Dirceu volta ao Congresso em sessão solene sobre democracia

Ex-ministro da Casa Civil teve mandato cassado em 2005 durante escândalo do Mensalão

Correio do Povo

Ex-ministro da Casa Civil teve mandato cassado em 2005 durante escândalo do Mensalão

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O ex-ministro da Casa Civil do primeiro governo Lula, José Dirceu, voltou a pisar no Senado Federal nesta terça-feira, 2, durante uma sessão solene para celebrar a redemocratização do Brasil após o fim do regime militar, que durou 21 anos, de 1964 a 1985. O momento também marcou a volta do petista à Casa depois de quase 19 anos desde a cassação do mandato pela Câmara dos Deputados, em 2005, durante o escândalo do Mensalão.

Em sua fala, Dirceu lembrou os atos dos governos militares e a resistência dos trabalhadores. Ele exaltou a continuidade luta política para consolidar e aprofundar a democracia com uma “revolução social”.

“Não é verdade que o golpe de 64 teve apoio popular. Tanto não é verdade que a ditadura perdeu as eleições para governador em Minas Gerais, no meu estado, e no Rio de Janeiro [...] Perdendo as eleições, [a ditadura] acabou com as eleições, acabou com os partidos e impôs a censura e a repressão. Mas o povo resistiu. Primeiro, os estudantes, depois os jornalistas, os intelectuais, os artistas e depois os trabalhadores com as greves de Contagem e Osasco”, relembrou o ex-ministro, que foi um exilado político durante parte do regime militar.

Dirceu também defendeu o debate público e democrático sobre o papel das Forças Armadas e comentou sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que formou maioria na segunda-feira (1°) para rejeitar a hipótese de as Forças Armadas atuarem como poder moderador. O julgamento da Corte segue no plenário virtual até o próximo dia 8.

Participaram da sessão Maria Thereza Goulart, ex-primeira-dama do Brasil; João Vicente Goulart, filho mais velho de Jango e presidente-executivo do Instituto João Goulart; José Dirceu, ex-deputado e ex-ministro da Casa Civil; Pedro César Batista, integrante da comissão “64: Não Esqueceremos”; e a jornalista Mara Luquet.

Desaparecidos na ditadura

O senador Randolfe Rodrigues lembrou os desaparecidos em razão da ditadura e as vezes em que o Congresso foi fechado durante o período militar. Ele mencionou que, segundo a Comissão Nacional da Verdade, mais de 50 mil pessoas foram presas pelos militares. O relatório final da CNV também reconheceu a morte e o desaparecimento de 434 pessoas durante o período.

Na sessão, o senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu retomar a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos para “fazer justiça” às vítimas e seus familiares. O colegiado foi estabelecido em 1995 e extinto em 2022.


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