Apenas 11,7% dos municípios brasileiros têm prefeitas, geralmente cidades pequenas e pobres

Apenas 11,7% dos municípios brasileiros têm prefeitas, geralmente cidades pequenas e pobres

No Rio Grande do Sul, índice é de 6,2%, segunda menor taxa de representatividade entre todas as unidades federativas

Eric Raupp, enviado especial

Estudo mostrou dificuldades das gestoras municipais

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As mulheres gestoras de cidades são poucas e estão à frente das localidades pequenas e mais pobres, concluiu a pesquisa "Perfil das prefeitas no Brasil - mandato 2017-2020" realizada pelo Instituto Alziras e apresentada nesta segunda-feira em Brasília. No painel organizado pelo Movimento Mulheres Municipalistas (MMM), foi mostrado que existem 649 prefeitas no país, que representam 11,7% dos municípios brasileiros, mas apenas 7% da população do país.  O Espírito Santo é o estado com pior índice de participação de mulheres na chefia do poder executivo local, com apenas 5,1% de mulheres, em um total de 78 municípios. O estado é seguido pelo Rio Grande do Sul e por Minas Gerais, com 6,2% e 7,6%, respectivamente.

Enquanto 50% dos prefeitos têm ensino superior, 71% das lideranças femininas concluíram a graduação. “É um indicador de que as mulheres, para se firmaram como capazes em certos espaços, têm que se capacitar mais e mostrar mais preparo”, analisou a representante do Instituto, Michele Ferreti. Das prefeitas em exercício, 91% foram eleitas em locais com até 50 mil habitantes e 88% já atuavam na política. Para 85% delas, as áreas de educação e saúde são prioridade, seguidas pela gestão e administração pública.

“Ainda há concentração de mulheres em certos temas e agendas. Mas a participação feminina tem aspecto inspiracional. A pesquisa mostra que, em um lugar com prefeitas mulheres, aumenta o número de candidatas e eleitas no ano seguinte, além do secretariado”, disse. Apenas uma capital brasileira é governada por uma mulher eleita diretamente ao cargo de chefe do Executivo, Boa Vista (RR).

Durante o período de desincompatibilização de prefeitos para concorrerem às eleições de 2018, Palmas (TO) e Rio Branco (AC) também passaram a contar com prefeita, já que as vice assumiram a gestão. Dos 309 municípios brasileiros acima de 100 mil habitantes, somente 21 são governados por mulheres, sendo os maiores, Rio Branco (AC), com quase 384 mil habitantes, e Caruaru (PE), com 356 mil habitantes.

Conforme Michele, os dados corroboram com a necessidade de fortalecer a atuação feminina na política e, entre as dificuldades relatadas, estão assédio ou violência política, falta de recursos para a campanha, e falta de espaço na mídia. “Infelizmente, vivemos em um país extremamente violento. São mais de 60 mil homicídios por ano e devemos pensar nas políticas considerando um recorte racial e de gênero, pelas diferenças no perfil das vítimas”, lamentou a consultora da ONU Mulheres, Aline Yamamoto, também presente no evento.


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