Arrecadação pela Internet não empolga partidos na disputa pelo Piratini

Arrecadação pela Internet não empolga partidos na disputa pelo Piratini

Novidade deste pleito, doações via cartões de crédito ou débido não estão sendo utilizadas por nenhuma coligação

Carlos Rollsing / Correio do Povo

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Uma das novidades autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a campanha deste ano, a arrecadação de doações pela Internet, via cartões de crédito ou débito, não está sendo utilizada por nenhuma das dez coligações que disputam o comando do Palácio Piratini.

Conforme a norma do TSE, cada candidatura precisa criar ferramentas específicas de doação por meio dos cartões no site oficial da campanha. Os repasses só podem ser feitos por pessoa física, sem a possibilidade de parcelamento. As contribuições podem ser abatidas na declaração do Imposto de Renda. Para viabilizar a modalidade, as coligações ainda devem abrir uma conta bancária exclusiva para o registro das doações, além de firmar contrato com uma instituição financeira para habilitar o recebimento dos recursos por intermédio dos cartões. Até o momento, apenas Yeda Crusius (PSDB) e Tarso Genro (PT) lançaram os seus sites oficiais de campanha.

Contudo, nenhuma das duas páginas oferece ao eleitor a possibilidade de doar verbas pela Internet ao candidato de sua preferência. A candidatura de José Fogaça (PMDB), que encabeça uma das três principais chapas ao Piratini, ainda não tem um página na Web. A construção do site é responsabilidade do núcleo de marketing da coligação, comandado pelo publicitário Fábio Bernardi. Na última sexta-feira, o site foi apresentado ao grupo de coordenação de campanha. A intenção é colocá-lo no ar na próxima quarta-feira. No entanto, não houve a confirmação de que a página poderá receber doações on-line via cartão de crédito e débito.

O site do candidato do PSol ao Palácio Piratini, vereador Pedro Ruas, ainda está em fase de construção. A modalidade de arrecadação pela rede não deverá ser utilizada pela legenda. A assessoria jurídica do TSE diz que a viabilização dos repasses aos candidatos pela Web é dificultada pela necessidade de contratar instituições bancárias para garantir um sistema de segurança que impeça o roubo de senhas dos cartões pelos hackers.

Yeda abre mão das doações de campanha pela Web

A governadora Yeda Crusius (PSDB), candidata à reeleição pela coligação Confirma Rio Grande, não irá disponibilizar no seu site a ferramenta para doações por meio do cartão de crédito e débito. A coordenação de campanha optou por instruir os simpatizantes a fazerem transferências ou depósitos nas próprias agências bancárias. "Teremos um direcionamento no site para que as pessoas possam repassar a verba diretamente à nossa conta de campanha", explicou Ivan Bertuol, coordenador-geral da candidatura de Yeda à reeleição.

Ele confirma que a coligação abriu mão de explorar a arrecadação pela rede mundial de computadores por meio dos cartões. "Não teremos essa ferramenta. Nós avaliamos junto ao grupo que construiu o site e concluímos que isso exige uma conciliação de todos os cartões e bancos existentes. Deveríamos ter iniciado o trabalho há 90 dias para viabilizar essa modalidade", afirmou Bertuol, ressaltando a complexidade das providências necessárias para arrecadar contribuições pela Internet.

Também existe uma crença generalizada entre os partidos de que as doações pelo cartão de crédito de pessoa física serão modestas. Este fator acabou desmobilizando as coordenações de campanha quanto às possibilidades de arrecadação por meio dessa modalidade.

Estilac confirma que Tarso vai arrecadar via Internet

A coordenação de campanha de Tarso Genro, candidato ao Palácio Piratini pela coligação Unidade Popular pelo Rio Grande, definiu que irá apostar na arrecadação de recursos de pessoa física via Web. Contudo, não há data prevista para a disponibilização da ferramenta no site oficial da chapa. "Temos uma decisão política de fazer o uso desse sistema. Estamos resolvendo apenas algumas questões técnicas que são complexas, como as bandeiras dos cartões de crédito e os contratos com os bancos", afirmou Estilac Xavier (PT), coordenador financeiro da campanha de Tarso.

Ele ressalva, entretanto, que os apoiadores do ex-ministro não têm a expectativa de receber grandes quantias por meio desta modalidade de contribuição. "Vamos fazer, mas é claro que não contamos que isso será o grosso do processo. Ainda não temos essa cultura", comentou Estilac.

Apesar da precaução, ele descarta a possibilidade de arrecadar um valor exíguo. "Temos um público interessante do PT e dos nossos aliados que têm acesso à Internet. Acreditamos que eles podem fazer contribuições substantivas através do site", projetou o coordenador financeiro. Estilac disse que uma das maiores preocupações é garantir a imunidade do site contra a ação dos hackers. "Antes de acessar, os eleitores precisam ter a certeza da segurança e da credibilidade", afirmou.

Cientista político defende uso da rede para doações

O professor de Ciência Política da Ufrgs Benedito Tadeu Cézar acredita que as doações de pessoas físicas pelo cartão de crédito, via Web, serão exíguas. Ele aponta o desgaste dos governantes como uma das causas deste efeito. "Há um desprestígio grande da classe política. Por isso, é provável que as contribuições sejam pequenas", afirmou Benedito. Ele, entretanto, defendeu as doações através do cartões como forma de combater a prática irregular do caixa 2. "Esse tipo de repasse também não tem o custo político. Um cidadão doando é diferente de um empresário, que, depois, vai querer colher benefícios", comentou o cientista político.

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