Assembleia Constituinte de Maduro sai de cena após anular Parlamento oposicionista na Venezuela

Assembleia Constituinte de Maduro sai de cena após anular Parlamento oposicionista na Venezuela

Nova Constituição, no entanto, não foi redigida

AFP

Maduro comemorou resultado da Assembleia

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Formada em meio a protestos em massa e à rejeição internacional, a poderosa Assembleia Constituinte da Venezuela chegou ao fim nesta sexta-feira (18), alegando ter deixado "paz", embora, segundo especialistas, ao custo de anular o Parlamento oposicionista e ignorando sua função principal: redigir uma nova Constituição.

Ao sustentar que seu objetivo era pacificar o país ao instalá-la em 2017, entre manifestações que deixaram mais de 100 mortos, o presidente socialista Nicolás Maduro buscou justificar o fato de a Constituinte não ter elaborado uma Carta Magna.

"O objetivo fundamental desta Assembleia Nacional Constituinte (...) era restaurar a paz da república, a segurança interna, a unidade nacional e a estabilidade do país. Hoje, posso dizer: Assembleia Nacional Constituinte, missão cumprida!", declarou Maduro, na última sessão do órgão governista.

No entanto, em uma crise política que apenas se agravou, analistas dizem que essa paz não veio e que tratou-se de um ataque contra o Parlamento, controlado pela oposição após seu triunfo eleitoral de 2015.

A Assembleia Constituinte encerrou suas funções após a retomada do Congresso pelo chavismo nas eleições de 6 de dezembro, boicotada pelos principais partidos políticos opositores e não reconhecidas por Estados Unidos, União Europeia e vários países latino-americanos. Em 5 de janeiro, o novo Parlamento será instalado.

Durante seu tempo de atuação, a Constituinte se concentrou em "anular materialmente o que a Assembleia Nacional fazia", disse à AFP o advogado Alí Daniels, diretor da ONG Acceso a la Justicia. Isso se deu, acrescentou, por iniciativa do Tribunal Supremo de Justiça, da linha pró-governamental, que declarou a câmara em desacato depois que a oposição assumiu a maioria, o que deixou todas as duas decisões sem efeito. Assim, a Constituinte, formada inteiramente por chavistas, assumiu poderes legislativos de fato.

Por lei, esse "superpoder" deveria reescrever a Constituição de 1999, mas isso "nunca esteve no horizonte", explicou Daniels. A questão jamais foi tratada em três anos de gestão.

 


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