Ato pede prisão de mandantes da morte de Marielle Franco
Manifestação na Cinelândia homenageou memória da vereadora morta há um ano
publicidade
Ato na Cinelândia, nesta quinta-feira, reuniu milhares de pessoas para lembrar um ano da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A irmã de Marielle, Anielle Franco, participou da manifestação. Ela subiu ao palco e agradeceu as manifestações de apoio e carinho que a família vem recebendo. Para ela, o crime será totalmente elucidado.
“A gente não teme (que o caso caia no esquecimento), pelas pessoas que estão à frente. Eu perguntei às promotoras o que ia acontecer, e elas responderam que era para ter calma, pois muito mais coisas iam ser descobertas. Tem um mandante aí. E a gente precisa saber quem foi. As investigações não podem parar. Não vão parar. E eu espero que puxem, até que quem está lá em cima caia”, disse Anielle. A Justiça converteu em prisões preventivas as prisões em flagrante de Elcio Vieira de Queiroz, Ronnie Lessa e Alexandre Mota.
Queiroz e Lessa foram presos preventivamente na última terça-feira sob suspeita de serem os assassinos da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além de terem cometido tentativa de homicídio contra a assessora Fernanda Chavez, que estava no carro e sobreviveu aos disparos, realizados há exatamente um ano.
O Movimento Rio de Paz, que promove manifestações em defesa da vida e pelos direitos humanos, montou uma cela no local do ato para cobrar a prisão dos mandantes dos crimes. “Nós recebemos uma resposta parcial, depois de um ano de pressão da sociedade. E os poderosos? E os interesses políticos que estão por trás desse crime? Nós temos que conhecer a mente perversa que está por trás”, disse Antônio Carlos Costa, fundador do Rio de Paz.
Segundo autoridades, a segunda etapa da investigação vai se concentrar na descoberta dos mandantes.
Alerj
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) fez nesta quinta-feira sua primeira reunião. Antes de ser eleita vereadora, Marielle era assessora do então deputado estadual, Marcelo Freixo (PSol), que integrava a comissão.
“A nossa condução é de fato para dar continuidade ao trabalho que a Marielle iniciou na comissão junto com o Freixo e ampliar esse trabalho. A gente está construindo um processo participativo e coletivo para pensar a agenda política da comissão”, disse a deputada Renata Souza, que preside a comissão e foi chefe de gabinete de Marielle, na Câmara dos Vereadores do Rio.
Na primeira reunião, foram aprovadas duas audiências: uma sobre operações policiais em favelas e outra sobre chacinas na Baixada Fluminense. “Isso é sim dar continuidade ao trabalho que a Marielle iniciou na Comissão de Direitos Humanos.”
Para a parlamentar, as prisões do policial militar reformado Ronnie Lessa, apontado como o atirador, e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, que dirigia o carro de onde partiram os tiros, renovam a esperança na elucidação do crime, mas se mostrou preocupada com o “discurso fácil” de que os dois teriam participado do atentado por crime de ódio.
“Esse discurso não corresponde ao que a própria investigação mostrou de que foram três meses de muita aplicação e muita organização para cometer este crime. Então, sem dúvida é trazer um debate que prejudica a continuação das investigações. Não foi um crime de ódio, não foi um crime de repulsa (a Marielle e à atuação política dela). Teve um mandante porque foi muito organizado. Sem dúvida a gente precisa continuar pressionando para que as respostas cheguem de fato. A população exige, porque afinal a gente vive em um Estado Democrático de Direito e um crime contra uma vereadora é sem dúvida um risco para a democracia no Brasil”, afirmou a deputada, que sobre a mesa tinha uma réplica de uma placa de rua em homenagem a Marielle Franco.
De acordo com o Ministério Público, Ronnie Lessa nutria repulsa pelas causas defendidas pela vereadora e o assassinato teria sido motivado por ódio, mas não descarta a existência de mandantes. Na linha de temas que eram defendidos por Marielle, Renata Souza apresentou, junto com as colegas de partido, Dani Monteiro e Mônica Francisco, projetos sobre assistência técnica para a construção de moradias populares e programas para adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.