Bancada evangélica não tem consenso sobre Ribeiro, mas quer distância

Bancada evangélica não tem consenso sobre Ribeiro, mas quer distância

Há divergências, mas todos querem que fique claro que ele não foi indicação da frente parlamentar

R7

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Ainda não existe um consenso entre os deputados que integram a Frente Parlamentar Evangélica sobre como o grupo deve se posicionar em relação às denúncias que vieram à tona sobre o ministro da Educação, Milton Ribeiro. Ele é suspeito de priorizar pedidos de prefeitos indicados por pastores evangélicos. Alguns membros da bancada defendem uma postura firme contra o ministro, inclusive com pedido de sua demissão; outros querem um tom ameno, de que os casos precisam ser  investigados sem condenação prévia.

De uma forma geral, no entanto, o grupo quer que o presidente da frente parlamentar, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), deixe claro que o ministro não foi indicação da bancada evangélica. Além disso, não existe nenhuma intenção, por parte de Sóstenes, de pedir a demissão do ministro. O R7 apurou que os dois devem se encontrar nesta quarta-feira, a pedido de Ribeiro.

Também nesta quarta-feira, após um culto semanal do grupo em um plenário da Câmara, Sóstenes reuniu-se com outros quatro deputados da bancada. Na ocasião, ele demonstrou a intenção de adotar um tom ameno em relação ao caso.

A ideia do presidente da frente, segundo deputados consultados pela reportagem, é deixar evidente que o grupo não possui relação com a indicação de Ribeiro; e que os parlamentares condenam qualquer irregularidade que porventura tenha sido cometida, mas que é preciso ser melhor apurado antes de condenar o ministro.

Sóstenes informou na última terça-feira que faria um pronunciamento em nome da frente na manhã desta quarta-feira (23), mas adiou para o final da tarde. A assessoria informou que o deputado ainda queria conversar com mais deputados antes de se posicionar.

Ribeiro nunca teve o apoio de toda a bancada evangélica. Na terça, houve uma reunião da frente com diversos deputados, e alguns se colocaram de forma dura contra o ministro. "Ninguém é bobo, né?", disse Marcos Feliciano (PL-SP), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), na ocasião. Ele se referia à nota divulgada por Ribeiro na terça-feira. Muitos da bancada acharam a nota insuficiente. 

Há, ainda, muita chateação de alguns deputados do grupo, que apontam dificuldade de chegar ao ministro, enquanto dois pastores conseguiam fazer lobby livremente no Ministério da Educação.

O caso

Uma reportagem do Estadão, no último dia 18, deu início a uma série de informações que apontam para uma espécie de "gabinete paralelo" dentro do Ministério da Educação formado por pastores que intermediavam reuniões de prefeitos em busca de recursos para seus municípios. Dois religiosos são citados: Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura.

Nessa segunda-feira (21), a Folha de S. Paulo divulgou um áudio no qual o ministro diz priorizar prefeituras que pedem liberação de recursos negociados pelo pastor Gilmar Santos, que não tem cargo no Executivo ou no Legislativo. "Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", diz o ministro em diálogo divulgado pelo jornal.

Em nota, na última terça-feira (22), após ampla pressão do Congresso (incluindo a frente), Ribeiro negou que o presidente Jair Bolsonaro tenha pedido atendimentos preferenciais na alocação de recursos públicos.

"Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado. Registro ainda que o presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem", escreveu.


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