Benedito Gonçalves começa a votar em ação que pode tornar Bolsonaro inelegível

Benedito Gonçalves começa a votar em ação que pode tornar Bolsonaro inelegível

Ação apura a conduta do ex-presidente durante uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado

R7

Ministro Benedito Gonçalves, do TSE

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O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, começou a votar nesta terça-feira (27) para tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível. A ação, que corre em sigilo na corte, apura a conduta de Bolsonaro durante a reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado.

Ao longo da leitura do relatório, o ministro Benedito Gonçalves detalhou as alegações apresentadas pelas partes, bem como o parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE). Ele afirmou que o PDT alega que Bolsonaro usou a estrutura da Presidência da República para apresentar informações falsas e desacreditar as urnas.

"O encapsulamento proposto como estratégia de defesa também sugere que o evento de 18 de julho de 2022 seja analisado de forma pontual e isolada, sobretudo, em relação ao discurso. Ocorre que não há como dissociar os fatos e o contexto em que ocorreram. Além disso, toda comunicação é pragmática, pois se destina a influenciar ideias e comportamentos e esse aspecto merecerá devida análise", afirmou.

Em contrapartida, segundo informou o ministro, a defesa sustenta que o encontro com os embaixadores funcionou como um intercâmbio de ideias, sem nenhum cunho eleitoral. "A prova produzida aponta para a conclusão de que o primeiro investigado [Bolsonaro] foi integral e pessoalmente responsável pela concepção intelectual do evento objeto desta ação. Isso abrange desde a ideia de que a temática se inseria na competência da Presidência da República para conduzir relações exteriores — percepção distinta que externou o ex-chanceler ao conceituar a matéria como um tema interno — até a definição do conteúdo dos slides e a tônica da exposição, que parece ter sido lamentada pelo ex-chefe da Casa Civil".

O Ministério Público Eleitoral (MPE) já defendeu a inelegibilidade de Bolsonaro pela conduta dele no encontro com os diplomatas. Segundo o órgão, o discurso de desconfiança sobre as eleições feito pelo ex-presidente foi capaz de afetar a convicção de parte da população brasileira na legitimidade dos resultados das urnas.

O voto de Benedito tem 382 páginas. A íntegra divulgada inicialmente pelo magistrado tinha 460 páginas. Os demais ministros votarão na seguinte ordem: Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques e Alexandre de Moraes.


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