Bilhete indicaria divisão de verbas do Ministério do Esporte

Bilhete indicaria divisão de verbas do Ministério do Esporte

Membro do PCdoB admite ter escrito o texto pedindo liberação de dinheiro

AE

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Um bilhete de 12 linhas escrito em 2003 registraria a mobilização do PCdoB em busca das verbas do Ministério do Esporte, após a conquista pelo partido do comando da pasta, ocorrida naquele ano. O texto pede a liberação de dinheiro público para localidades governadas por correligionários e para emendas do então líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

O destinatário é Ricardo Leyser, hoje secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, homem forte da equipe do ministro Orlando Silva e do PCdoB. Em junho de 2003, Leyser era assessor especial do ministro Agnelo Queiroz. O remetente é Fredo Ebling, membro e funcionário do partido, apontado pelo policial militar João Dias Ferreira como responsável pela entrega do dinheiro supostamente desviado da pasta por meio de convênios com ONGs.

O bilhete registra o que destinatário e remetente têm em comum: o partido, que já detinha gestores na área de esportes em Estados e municípios. A legenda conta com cinco secretários estaduais e mais 22 secretários municipais. A conta pode estar subestimada. O PCdoB tem também 42 prefeitos e 66 vice-prefeitos filiados ao partido.

"É natural que os secretários pressionem para liberar, o pessoal lá fica passando sufoco e dizendo que é o ministério do partido. Isso é algo absolutamente natural da política, não tem nada de errado, todo dia se faz", reagiu Fredo Ebling na segunda-feira, ao reconhecer o bilhete.

"Se fosse sacanagem, eu não teria mandado por escrito, teria falado pessoalmente", insistiu Fredo, que conta 32 anos de partido. Atualmente, ele trabalha na liderança do PCdoB na Câmara e integra a Secretaria de Relações Internacionais.

Fredo Ebling conheceu o homem que o denuncia por conta da vida partidária. O policial militar João Dias foi candidato a deputado distrital pelo PCdoB em 2006, quando Ebling disputou uma vaga na Câmara. "Ele me envolve agora para tentar dar um verniz de verdade a essa loucura, ele está desesperado", afirmou.

Reportagem da Veja

A revista Veja desta semana publicou uma entrevista com o policial militar João Dias Ferreira, um dos militantes do PCdoB presos no ano passado, com um grupo que era acusado de receber recursos do Ministério do Esporte através de organizações não governamentais (ONGs) e embolsar parte do dinheiro. As ONGs, segundo o que ele afirmou para a publicação, só ganhavam dinheiro mediante o pagamento de uma taxa previamente negociada que podia chegar a 20% do valor dos convênios. O partido indicava desde os fornecedores até pessoas encarregadas de arrumar notas fiscais frias para justificar despesas fictícias. O militar conta que Orlando Silva teria recebido, pessoalmente, dentro da garagem do Ministério do Esporte, remessas da quadrilha.

Ministro se defendeu ontem

Orlando Silva afirmou nessa segunda-feira que recebeu apenas uma vez o policial militar João Dias Ferreira que o acusa de receber propina em contratos firmados na pasta. Segundo ele, o encontro ocorreu quando era secretário-executivo da pasta a pedido do então ministro, Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal. "A única vez que encontrei este caluniador foi no Ministério do Esporte. Eu era secretário-executivo do Agnelo, que me recomendou que recebesse e firmasse o convênio", disse Orlando.



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