Bolsonaro lamenta ataque, mas afirma que "pessoal aprendeu o que é política"

Bolsonaro lamenta ataque, mas afirma que "pessoal aprendeu o que é política"

Ex-presidente segue em condomínio na Flórida, nos EUA

AE

Ex-presidente Bolsonaro

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O ex-presidente Jair Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde 30 de dezembro, quebrou o silêncio sobre os atos criminosos nas sedes dos três Poderes. Bolsonaro, que está na região de Orlando, na Flórida, falou com apoiadores na porta do condomínio onde está hospedado. O ex-presidente passou à condição de investigado na sexta-feira passada por suspeita de incitação dos atos. "Lamento o que aconteceu. Uma coisa inacreditável", disse ele.

Na conversa, gravada em vídeo e distribuída em canais bolsonaristas no Telegram, Bolsonaro também afirmou que, durante o seu governo, as pessoas aprenderam "o que é política". "No meu governo, o pessoal aprendeu o que é política, conheceu os Poderes, começou a dar valor à liberdade. Eu falava para alguns sobre a liberdade, e eles diziam que era igual ao sol, nasce todo dia, mas não é bem assim, não. A gente acredita no Brasil", disse.

Bolsonaro destacou ainda o que considera feitos do governo no campo da economia e admitiu, sem entrar em detalhes, que cometeu "deslizes" durante os quatro anos de gestão. "Tem algum furo, tem, lógico. A gente comete algum deslize em casa", afirmou.

O ex-presidente se refugiou num condomínio de alto padrão na Flórida e tem vivido uma realidade que, em alguns momentos, lembra o antigo "cercadinho" do Palácio da Alvorada. Concordando com as falas de Bolsonaro, os apoiadores pediram para que ele permanecesse nos Estados Unidos.

A implicação formal do ex-presidente nos ataques às sedes dos Poderes, porém, deverá ampliar a pressão de parlamentares norte-americanos que tentam impedir a sua permanência. Deputados do Partido Democrata pediram ao presidente dos EUA, Joe Biden, que revogasse o visto de Bolsonaro e de outros envolvidos nos atos do dia 8 que estejam vivendo no país.

Na semana passada, Bolsonaro compartilhou um vídeo questionando o resultado da eleição presidencial de 2022, em sua primeira manifestação expressa em defesa da tese de fraude eleitoral após os atos golpistas em Brasília. Ele apagou o conteúdo pouco mais de três horas depois.

Na sexta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes aceitou o pedido da Procuradoria-Geral da República para apurar se Bolsonaro incitou os atos. O ex-presidente será investigado na frente que se debruça sobre "expositores de teorias golpistas que promoveram a mobilização da massa violenta". O vídeo publicado no Facebook embasa o argumento dos procuradores.

No sábado, o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro Anderson Torres foi preso ao chegar ao Brasil por determinação de Moraes. Ele também estava na Flórida durante as invasões dos prédios - na ocasião, era secretário da Segurança Pública do Distrito Federal, posto responsável pela segurança pública na capital federal. Torres afirmou que estava de férias e por isso fez a viagem. Ele foi exonerado do cargo pelo então governador Ibaneis Rocha (MDB) ainda durante os acontecimentos. Ibaneis foi afastado do cargo por ordem de Moraes.


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