Bolsonaro não quer falar sobre herdeiros: "Estou na UTI, mas não morri ainda"

Bolsonaro não quer falar sobre herdeiros: "Estou na UTI, mas não morri ainda"

TSE determinou que ex-presidente está inelegível até 2030

AE

Ex-presidente Jair Bolsonaro

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Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira a movimentação em busca de um sucessor no campo da direita. "Eu estou na UTI. Não morri ainda. Não é justo alguém já querer dividir o meu espólio", afirmou ele durante entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan. A saída compulsória do ex-presidente da disputa eleitoral vai exigir um novo arranjo no cenário político. Aliados procuram nomes capazes de aglutinar o eleitorado bolsonarista. Na direita, despontam nomes como os dos governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Junior (Paraná).

Ao ser questionado sobre possíveis "herdeiros", Bolsonaro desconversou. "Não tem um nome conhecido no Brasil todo para fazer o que eu fiz nesses quatro anos. Veja o Tarcísio em São Paulo: ele é carioca, torcedor do Flamengo e governador em São Paulo. O Zema não se elegeu comigo apoiando ele. Outros bons nomes apareceram, mas vamos esperar um pouco mais", disse o ex-presidente na entrevista.

Bolsonaro afirmou, ainda, estar "tranquilo" após a derrota na Justiça Eleitoral, mas disse que "dói" ser chamado de mentiroso. "Tranquilo. Por ocasião da votação que perdi por cinco a dois, acabei sendo inelegível. O último voto foi do senhor Alexandre de Moraes (presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal). E, por quatro ou cinco vezes, após ele ler uma frase que seria minha, ele me chama de mentiroso. Isso dói no coração da gente, ser chamado de mentiroso", declarou o ex-chefe do Executivo.

Ao criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro acusou o adversário de não ser democrata e citou declarações recentes dele sobre a Venezuela. Na semana passada, o petista elogiou o regime de Nicolás Maduro e afirmou que o conceito de democracia é relativo. "O Lula agora bate no peito por orgulho de ser comunista. Lula posar de democrata com esse tipo de amizade que ele tem. Não é de agora. É desde lá de trás quando ele chefiava sindicatos por aí. Democrata, jamais. Não tem competência para o governo."

No Congresso, aliados de Bolsonaro agem para defendê-lo. Apresentado na sexta-feira passada, no mesmo dia do fim do julgamento do TSE, o projeto de lei do deputado Sanderson (PL-RS) que prevê anistia para todos os ilícitos eleitorais cometidos desde 2016 - o que anularia a condenação do ex-presidente na Justiça Eleitoral, somava, até ontem, 50 assinaturas registradas no sistema da Câmara.

Depois de recolhidas as assinaturas, os parlamentares planejam apresentar um requerimento de urgência para levar o caso diretamente ao plenário da Câmara. A medida, no entanto, depende do aval do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). "O Parlamento tem o dever de enfrentar temas como o da anistia, proposto por mim e outros 70 parlamentares, de interesse nacional, evitando, assim, uma injustiça com alguém que em duas eleições teve 120 milhões de votos e está sendo calado mesmo sem ter praticado crime algum", disse Sanderson ao Estadão.

Além dos 50 deputados que já assinaram o projeto, outros 22 manifestaram apoio à medida, mas ainda não tiveram suas assinaturas juntadas ao texto original em tramitação. Nesta quinta-feira, parlamentares do PL pretendem fazer uma reunião para discutir o andamento do projeto na Câmara.


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