Bolsonaro vai comparar seu "erro" ao apoio de deputados à escravidão, em 1993

Bolsonaro vai comparar seu "erro" ao apoio de deputados à escravidão, em 1993

Parlamentar quer colegas que aprovaram projeto fictício como testemunhas no seu processo

Agência Câmara

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A defesa do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) contra a acusação de quebra de decoro parlamentar vai comparar seu caso ao de deputados que se equivocaram ao assinar, em 1993, um projeto fantasioso que previa o retorno da escravidão ao Brasil.  O político informou que vai entregar o documento à Corregedoria na quarta-feira, último dia do prazo. Ele é alvo de representações que o acusam de racismo por declarações dadas ao programa CQC, da TV Bandeirantes.

Na ocasião, questionado pela cantora Preta Gil sobre o que faria se um filho seu se apaixonasse por uma negra, Bolsonaro respondeu que não iria “discutir promiscuidade” e que eles não correriam esse risco porque “foram muito bem educados”. Após a repercussão, o deputado disse que entendeu errado a pergunta, confundindo a palavra negra com gay.

A defesa de Bolsonaro vai lembrar de um episódio ocorrido em 1993, quando mais de 50 deputados assinaram um projeto falso, distribuído pelo jornal Folha de S. Paulo, para retornar o Brasil à condição de colônia de Portugal e restabelecer a escravidão no País. O objetivo do jornal era provar que os deputados não liam as propostas antes de assiná-las. “Esses que assinaram tal proposta se equivocaram ou são racistas? Quando outros erram é humano, quando eu erro é racismo?”, contemporizou Bolsonaro.

Ele pretende, também, chamar como testemunhas alguns dos deputados que assinaram a irônica “PEC da Escravatura”, entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Ele acrescentou que está elaborando o documento de defesa com a ajuda apenas do seu chefe de gabinete. “A pessoa que procura um excelente advogado é porque tem culpa no cartório”, enfatizou.

Sobre as críticas de que seja homofóbico, Bolsonaro disse que vai continuar combatendo ações do governo como o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT e a distribuição, nas escolas, de cartilhas anti-homofobia elaboradas pelo Ministério da Educação. “Passar filminho pornográfico para estudantes do segundo grau é para estimular o homossexualismo”, criticou. “A minha briga não é com esse homossexual bípede que anda e corre por aí; o que não quero é que o kit gay chegue à molecada que ainda está engatinhando”, prosseguiu.

Bolsonaro chegou a censurar o apresentador do CQC, Marcelo Tas, que afirmou ter orgulho de sua filha homossexual. “Eu teria vergonha de ter uma filha lésbica ou um filho gay e duvido que um pai queira ter um filho homossexual. Para mim, é igual à morte”, enfatizou.

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