Brasileiro chefe da OMC deve renunciar em plena crise econômica mundial

Brasileiro chefe da OMC deve renunciar em plena crise econômica mundial

Anúncio da saída de Roberto Azevêdo ocorrerá após reunião dos chefes de delegação

AFP

Dilma comemora eleição de Roberto Azevêdo na OMC

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A renúncia esperada do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, caiu como uma bomba nesta quinta-feira, com a pandemia de coronavírus atingindo em cheio a economia mundial. Respondendo às informações da imprensa de que ele deixaria o cargo antes do final de seu mandato em 2021, um porta-voz da organização, Keith Rockwell, disse que "a OMC fará um anúncio a este respeito após a reunião dos chefes de delegação às 16h (11h de Brasília)".

Segundo várias fontes diplomáticas, o futuro do brasileiro estará na agenda da reunião. De acordo com o jornal "Valor Econômico", Roberto Azevêdo anunciará hoje à tarde que vai abandonar o cargo em 1o de setembro, um ano antes de completar seu segundo mandato.

Em discurso antecipado pelo veículo, Azevêdo explicará que está "convencido de que a minha saída neste momento ajudará a OMC a escolher seu novo caminho". "Com esta decisão evito que a Organização fique presa a dois processos simultâneos: a preparação da próxima reunião ministerial e o processo de substituição do diretor-geral", afirmará ele.

A provável saída prematura do brasileiro em setembro ocorre em um momento em que a economia mundial sofre o mais duro golpe desde a Grande Depressão da década de 1930. O comércio internacional é fortemente afetado pela pandemia do coronavírus, que fez afundar a produção e o comércio.

Se for confirmada, a demissão do chefe da OMC "chega em um momento muito ruim para a instituição", estima o diretor do Centro de Estudos Prospectivos e Informações Internacionais (CEPII), Sébastien Jean.

"O sistema comercial está profundamente desestabilizado tanto pelas tensões anteriores, incluindo as duras críticas do presidente americano, Donald Trump, as múltiplas violações dos acordos, a guerra comercial EUA-China e a paralisia do órgão de apelação, e por medidas tomadas em reação à crise, incluindo restrições às exportações", disse.

Diplomata de carreira, Roberto Azevêdo iniciou seu segundo mandato de quatro anos em setembro de 2017. Ele assumiu o comando do órgão em 2013, sucedendo ao francês Pascal Lamy. Antes de se tornar chefe da OMC, era, desde 2008, o representante permanente do Brasil nessa organização, onde conquistou a reputação de bom negociador.


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