Busato diz que União Brasil terá vaga na chapa majoritária no RS

Busato diz que União Brasil terá vaga na chapa majoritária no RS

Dirigente lançou o próprio nome e o do ex-prefeito José Fortunati para compor com interessados em alianças

Flavia Bemfica

Busato deixará o comando da secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano

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O União Brasil, partido que vem sendo disputado tanto na corrida nacional como na regional, resolveu marcar posição na disputa principal do RS. Está ‘colocando na mesa’ de negociação sua participação na chapa majoritária. A pretensão foi confirmada pelo presidente estadual da legenda, o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Luiz Carlos Busato, após as movimentações envolvendo o MDB e o PSDB nos últimos dias. Ambos cobiçam uma aliança que tenha o União Brasil. “Nós pretendemos ter uma boa participação no Legislativo, tanto que já estamos com as duas nominatas, a da Câmara Federal e a da Assembleia, completas. Mas queremos também fazer parte das decisões do Executivo. Não necessariamente com candidato ao governo. Há outros dois postos na chapa, e não nos faltam nomes”, assinalou Busato. Sobre quem o partido está disposto a apresentar para a vaga de vice ou a do Senado, Busato foi taxativo. “Tem o Fortunati, eu mesmo, e vários outros.”

A fala repete manifestação do dirigente feita na semana passada, em Torres, no primeiro encontro de pré-candidatos ao governo, durante a Assembleia de Verão da Famurs, e do qual ele participou como representante da sigla, já que o partido não possui um pré-candidato ao governo. “O União Brasil terá candidato à majoritária do RS”, discursou, na ocasião. Na segunda, o secretário brincou. “Eu disse lá em Torres, e venho repetindo, que os únicos que ainda não me convidaram para conversar são o Edegar Pretto (PT) e o Pedro Ruas (Psol). Os demais, todos, inclusive os partidos de esquerda, que não são nossa pretensão, nos procuraram. Almocei com o Beto Albuquerque (PSB), que é um ‘baita’ candidato, mas com quem não vamos fechar, porque atua um pouco no espectro da esquerda. E o Gabriel Souza (MDB), conversamos também, é um candidato muito forte.”

Busato cita ainda a possibilidade de composição com o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), que nesta semana será alçado ao posto de governador, após a renúncia de Eduardo Leite, e que também já se lançou como pré-candidato ao Piratini. O presidente do União Brasil não confirma, mas outros partidários que integram as conversações admitem uma inclinação inicial por Ranolfo. Ela se dá tanto em função da aproximação das siglas dentro da estrutura do governo estadual (Busato se afastou do mandato de deputado federal para integrar o primeiro escalão, e renunciará ao cargo para disputar o pleito de 2022), como daquela resultante da origem comum do dirigente e do vice-governador. Ambos são oriundos do PTB. Na segunda-feira à noite, após o ato montado pelo Executivo para que Leite confirmasse que vai renunciar, Ranolfo jantou com o secretário.

Escolha depende da oferta

No União Brasil do RS há uma avaliação inicial de que, apesar da evidente densidade eleitoral menor do que outros pré-candidatos ao Piratini, o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) pode “ganhar peso” depois que passar a ter “a caneta na mão”. Ou seja, a projeção é de que, após assumir o principal posto de comando do Estado, terá maior visibilidade na mídia, uma grande estrutura à disposição e o poder de decisão sobre os principais temas dos gaúchos. A legenda, contudo, vai observar se as estimativas se confirmarão. Os primeiros indícios devem vir de levantamentos internos sobre intenções de voto.

Na prática, também ainda falta saber se Ranolfo de fato disputará a reeleição (o único cargo a que pode concorrer estando no exercício do mandato de governador), já que, até agora, os articuladores de outros partidos observam que o vice se move como uma espécie de ‘sombra’ de Eduardo Leite, em uma coreografia ditada pelo ainda governador. Há, entre os prováveis aliados, muitas dúvidas sobre o futuro de uma aliança com o PSDB no RS e sobre quem de fato a comandará.

O fator segue “empurrando” definições. No caso do União Brasil, a decisão sobre aliança, admite Busato, deverá ser tomada a partir de maio. Ante a insistência do questionamento sobre se a sigla arranca nas negociações com o PSDB como aliado preferencial, e por isso vai protelar sua decisão, Busato volta a citar a participação na majoritária como possível definidor. “Isto dependerá muito do espaço que nos oferecerem.” O partido não descarta uma coalizão que junte as três siglas: União Brasil, MDB e PSDB. Mas, para isto acontecer, Ranolfo não poderia disputar nenhum cargo. E o PSDB precisaria indicar outro nome para a composição, na vaga de vice ou do Senado.

O movimento já embute uma “alteração de rota” em relação a uma estratégia anterior, que havia sido gestada no seio do Executivo. Por ela, o União Brasil havia cogitado filiar Ranolfo, mas a hipótese agora é dada como extinta. “Era para o caso de o Eduardo ir para o PSD, o que não aconteceu. Aí, como a Ana Amélia Lemos (também secretária estadual) já se filiou ao PSD e lançou a pré-candidatura ao Senado, o Ranolfo iria para o União. Porque não havia como começar articulações de aliança tendo candidato ao governo e ao Senado do PSD”, explica um dos participantes da estratégia.

Agora, na conta do União, quem estaria ‘sobrando’ nas articulações da majoritária estadual seria justamente o PSD. No Estado, a legenda tem entre suas principais lideranças o prefeito de Canoas, Jairo Jorge. Ele e Busato disputaram a eleição municipal em 2020, protagonizaram uma campanha acalorada e são adversários políticos. Já nacionalmente, no mesmo dia em que Leite anunciou que trabalhará para ‘liderar’ uma coalizão ‘de centro’ rumo à presidência da República, o pré-candidato do Podemos ao posto, Sergio Moro, se encontrou com o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar. Na sequência, foi ao twitter afirmar que “Bivar seria um ótimo vice-presidente ou cabeça de chapa. Estaremos juntos de 2022 a 2026, pelo menos.” Na semana passada o Podemos fechou apoio à pré-candidatura de ACM Neto (União Brasil) ao governo da Bahia. No RS o Podemos é pequeno, mas tem entre suas lideranças o senador Lasier Martins, que buscará a reeleição, e o deputado federal Maurício Dziedricki. Este, assim como Ranolfo e Busato, é egresso do PTB. 


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