Câmara aprova em 1º turno PEC que define teto de gastos públicos nos próximos 20 anos

Câmara aprova em 1º turno PEC que define teto de gastos públicos nos próximos 20 anos

Projeto do governo teve 366 votos favoráveis e 111 contrários à proposta

Correio do Povo

Projeto do governo teve 366 votos favoráveis e 111 contrários à proposta

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A Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, na noite desta segunda-feira, a Proposta de Emenda à Constituição que instaura um teto de gastos para os próximos 20 anos na administração pública. A PEC 241 foi aprovada com 366 votos favoráveis, 111 contrários e duas abstenções. A proposta ainda terá de ser votada em 2º turno na Câmara, antes de ser encaminhada ao Senado.

Após a aprovação, muitos deputados e parte das galerias comemoraram, entre gritos de "fora PT, fora PT". Outro grupo, nas galerias, vaiou e fez um forte coro de "golpistas, fascistas, não passarão".

A PEC 241 propõe limitar pelos próximos 20 anos o aumento dos gastos públicos de um ano à inflação do ano anterior. A medida é defendida pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e foi anunciada por ele ainda no primeiro dia do governo interino, em maio. O argumento do governo é de que a medida aumentará a credibilidade para investimentos do país e evitará o aumentos de impostos. A oposição salienta o impacto que a decisão poderá ter nos investimentos básicos à população, principalmente em saúde e educação.

Os deputados começaram em seguida a analisar os destaques apresentados ao texto pelos partidos. O primeiro deles, do PT, pretende aprovar emenda da deputada Erika Kokay (PT-DF) para incluir no texto limite ao pagamento de despesas com a dívida pública e para excluir do teto de gastos as despesas com saúde, assistência social, educação, ciência e tecnologia, segurança pública, saneamento e outras.

Durante toda a duração dos trabalhos, a oposição trabalhou para obstruir os trabalhos por ser contra a limitação de gastos federais à inflação, defendendo que esse não é o caminho para impulsionar a economia. “Tem gente da população que está a favor da PEC porque acha que é o corte dos nossos gastos, dos gastos do Parlamento, do Executivo e não está entendendo que ela corta o dinheiro do hospital, do pagamento do professor”, disse o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).

O líder do PT, Afonso Florence (BA), também criticou a proposta. “A PEC 241 é o desmonte de todas as políticas públicas, é o desmonte do sistema previdenciário, do SUS, do sistema público de educação no nível superior”. Para Chico Alencar (PSOL-RJ), outro problema, é que a proposta não foi discutida com a população. “A PEC não foi uma proposta feita por um governo eleito e não foi debatida com a população. Essa PEC é uma imposição por duas décadas de um arrocho. Ela tem que ser chamada de PEC do corte de investimentos”, disse o deputado.

Durante a votação, a base aliada defendeu que a crise fiscal foi uma “herança” dos governos petistas. “O PT foi cozinheiro de despesa cheia, foi perdulário”, disse o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP). O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) acrescentou que a PEC é “apenas o começo das reformas”. Na avaliação dos governistas, a medida vai contribuir para o crescimento da economia. “Quem gasta mais do que arrecada tem de entender que há um momento em se deve ajustar as contas. Agora é a hora do ajuste”, disse Ronaldo Benedet (PMDB-SC).

O líder do PMDB, o deputado Baleia Rossi (SP), rebateu as críticas da oposição e negou que a PEC retira recursos da saúde e da educação. “Só na saúde, teremos R$ 10 bilhões a mais no ano que vem”, disse. “Da mesma forma, todos os recursos para programas na área de educação estão garantidos. Temos compromisso com o piso e não com o teto. Essas mentiras não vão prosperar”.

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