Câmara de Porto Alegre aprova selo para certificar empresas que promovem igualdade étnica

Câmara de Porto Alegre aprova selo para certificar empresas que promovem igualdade étnica

Proposta segue agora para sanção da Prefeitura

Marcel Horowitz / Rádio Guaíba

Câmara aprovou criação de selo para empresas

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O plenário da Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou, por unanimidade, na tarde desta segunda-feira, a criação do ‘Selo Igualdade Racial’. A proposta visa o fomento de vagas de emprego para afrodescendentes junto à iniciativa privada, certificando empresas que promovam agendas de igualdade étnica e combate ao racismo na capital.

Para receber o selo, as empresas devem apresentar uma carta de compromissos em que conste o planejamento de ações pró-igualdade racial e a elaboração de parcerias com órgãos ligados à cultura afro-brasileira. Apresentar comprovante de equidade salarial entre os funcionários também vai ser um dos requisitos necessários para que instituições sejam auferidas com a marca.

“O selo vem para dialogar com a necessidade de se criar um consumo consciente e, inclusive, fortalecer as empresas que construam políticas anti-racistas que são fundamentais para criarmos um mercado mais fortalecido e que não atenda só uma parcela da sociedade”, afirmou a vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB), autora do projeto, em entrevista à Rádio Guaíba. “Através do selo, as pessoas vão saber quais empresas têm práticas anti-racismo. É inadmissível que uma mulher, como eu, não possa entrar com bolsa dentro de lojas, por exemplo”, complementou a mandatária.

A parlamentar relata que, por ser negra, por diversas vezes, já sofreu perseguição em estabelecimentos do comércio. Por isso, ao frequentar determinadas lojas, passou a recorrer ao que chama de ‘protocolo de existência’.

“Só quem é negro sabe como é esse ‘protocolo’. Eu não ando mais de bolsa em lojas, pois se toda a vez que eu entrar em uma loja ou em um mercado, eu for discutir com quem me persegue, não consigo viver mais. Temos que escolher a luta que enfrentaremos, e eu discuti combater o racismo através de medidas legislativas”, descreveu a vereadora. “Uma das coisas mais tristes que eu fiz foi ter que falar para a minha filha que ela não pode entrar de mochila dentro de um supermercado”, lamentou.

A proposta aprovada nesta segunda-feira agora segue para a sanção do prefeito Sebastião Melo (MDB). Cabe ao município regulamentar o texto para que tenha implementação prática. “Precisamos pensar em ações que consigam combater o racismo, o selo vem promover empresas que façam isso. A discussão de um consumo consciente e de um mercado mais humanizado precisa contar com práticas legislativas que consigam suprir esta demanda”, concluiu a vereadora.


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