Cúpula do MDB se reúne com Nunes para reavaliar presença em ato de Bolsonaro

Cúpula do MDB se reúne com Nunes para reavaliar presença em ato de Bolsonaro

Parte da sigla teme desgaste e associação da candidatura à prefeitura de São Paulo com “extrema direita”

Estadão Conteúdo

Nunes esteve com diversos nomes do MDB em cerimônia com Aldo Rebelo

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Integrantes da cúpula do MDB consideram que a ida de Ricardo Nunes (MDB-SP) ao ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no próximo dia 25 na Avenida Paulista pode prejudicar a reeleição do prefeito de São Paulo. O prefeito disse na semana passada que comparecerá à manifestação. Lideranças do partido estão na capital paulista, onde foram à posse de Aldo Rebelo e de José Renato Nalini como secretários municipais nesta segunda-feira. Estiveram presentes emedebistas como Helder Barbalho (MDB-PA), governador do Pará, Paulo Dantas (MDB-AL), governador de Alagoas, o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do partido na Câmara dos Deputados, o senador Plínio Valério (MDB-AM) e o deputado federal Hercílio Coelho Diniz (MDB-MG).

O presidente nacional do partido, Baleia Rossi (MDB-SP), e o ex-presidente Michel Temer (MDB-SP) também compareceram. Antes do evento na Prefeitura, ao menos parte do grupo almoçou com Nunes. O incômodo principal é da bancada federal do MDB. que tenta demover o prefeito por meio de Baleia, que também é deputado federal e coordenador da campanha de Nunes. Por outro lado, mesmo quem é contra reconhece que a decisão final é do próprio prefeito, já que São Paulo é a prefeitura mais importante do país.

A avaliação é que a presença do prefeito nacionalizaria a eleição paulistana e tiraria o foco de entregas feitas pela atual gestão. Também aumentaria a exposição do MDB, que tem três ministérios no governo Lula (PT), e é base de apoio ao governo no Congresso Nacional.

Além disso, emedebistas entendem que a presença do prefeito no ato marcará a candidatura dele como de direita, na contramão do esforço que o próprio tem feito para se mostrar como um candidato de uma frente ampla contra a “extrema-esquerda”, como ele classifica o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).

A posse de Rebelo e de Nalini se transformou em um evento com a presença de lideranças de PSD, PP, Solidariedade, Cidadania e do próprio MDB. Bolsonaristas como Fabio Wajngarten, a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes (Republicanos-SP), e o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), estavam presentes, mas sem destaque.

O grupo seguirá fazendo reuniões nos próximos dias em Brasília. Questionado sobre o tema, Nunes ressaltou seu histórico como político de centro e disse que está preocupado em cuidar das pessoas e não com direita e esquerda. “Carimbo é só no papel. As pessoas têm suas histórias de vida”, respondeu após a posse. “Evidentemente, tem opinião para lá, opinião para cá. O que eu queria ressaltar é que uma manifestação é um ato da democracia. Quando alguém vai apresentar uma defesa, aquilo que ele acha que é importante, desde que pacífica, sem atacar ninguém, é válido”, acrescentou.

Nunes evitou comentar a situação jurídica de Bolsonaro, alvo de investigação da Polícia Federal, e disse que os meios político e jornalístico erram ao pré-julgar o ex-presidente. “Não apenas ele, mas todos são inocentes até que esteja (a condenação) transitada em julgado.”

Helder Barbalho usou a própria reeleição para o governo paraense em 2022 como exemplo em seu discurso, o que soou como um alerta ao prefeito. Ele apoiou a reeleição de Lula. “Eu mostrei ao Estado do Pará que o gestor para ser avaliado e reconduzido é quando ele não governa para os extremos, ele governa para todos”, disse o governador. “É isso que você tem feito em São Paulo e é desta forma que você continuará liderando São Paulo”, completou Barbalho, se dirigindo ao prefeito

A aliança com Bolsonaro foi importante para Nunes porque enterrou a candidatura do bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP), que poderia lhe tirar votos entre os eleitores à direita. Por outro lado, aliados de Bolsonaro cobram que ele se engaje mais na defesa do ex-presidente, o que até agora fez de forma tímida.

Dessa forma, a presença de Nunes na manifestação serviria para acalmar os bolsonaristas e evitar que essas críticas se repitam no futuro. Se for mesmo ao ato, o prefeito estará ao lado de outro aliado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que já confirmou presença ao lado de outros governadores e deputados.


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