Caixa contrata empresa para analisar denúncias contra Guimarães

Caixa contrata empresa para analisar denúncias contra Guimarães

Economista deixou comando do banco após ser acusado de assédio sexual e moral por funcionárias; MPF investiga o caso

R7

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O Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal determinou a contratação de uma empresa externa e independente para analisar as denúncias ligadas à gestão de Pedro Guimarães, que renunciou ao comando do banco após denúncias de assédio sexual e moral. Há expectativa de que o grupo possa se reunir ainda nesta sexta-feira (8) para deliberar sobre o assunto.

"Diante das denúncias recentes, a CAIXA informa que existem apurações internas em andamento, em paralelo às que estão sendo feitas pelos órgãos de controle. Além dessas, o Conselho de Administração determinou a contratação de empresa externa, independente, para verificar todos os casos", afirma o banco.

Renúncia

O economista Pedro Guimarães pediu demissão da presidência da Caixa Econômica em 29 de junho, após denúncias de assédio sexual. As investidas teriam ocorrido contra funcionárias do banco. De acordo com fontes ouvidas no MPF, as diligências ocorrem sob sigilo na Procuradoria da República no Distrito Federal, já que ele não tem foro privilegiado. Segundo as denúncias, os assédios ocorreram durante viagens para tratar de projetos da Caixa.

Dados da Controladoria-Geral da União (CGU) mostram que as denúncias de assédio sexual dentro do governo federal aumentaram 65% no ano passado em comparação com 2020. Em 2021, houve 251 manifestações, entre comunicações e denúncias, de assédio sexual em 95 unidades federais, entre elas diversos órgãos do governo, incluindo ministérios, universidades, institutos federais e hospitais. Já em 2020, o número foi de 152.

Exonerado, Guimarães recebeu R$ 3.134.374,62 milhões à frente da empresa ao longo de sua gestão. Como ele ficou cerca de 41 meses na presidência da estatal, recebeu, só do banco, uma média de R$ 76.448,16 mil por mês.

No lugar de Guimarães, a economista Daniella Marques tomou posse, na terça-feira (5), como a nova presidente da Caixa. A cerimônia oficial se deu de forma fechada à imprensa, no prédio da instituição, em Brasília. Em entrevista, a nova gestora afirmou ser inaceitável a violência contra a mulher e prometeu que o banco será a "mãe da causa das mulheres".

Acúmulo de cargos

Reportagem exclusiva do R7 mostrou que Guimarães era membro de pelo menos 21 conselhos de administração de empresas ligadas à estatal em 2021. No fim do mês, o salário dele, por causa da remuneração dos conselhos, poderia saltar de R$ 56 mil para mais de R$ 230 mil, como mostram dados relativos a julho de 2021, quando Guimarães recebeu R$ 230.940. A Caixa nega irregularidades.

A situação supostamente contrariava o artigo 20 da Lei das Estatais, que proíbe "a participação remunerada de membros da administração pública, direta ou indireta, em mais de 2 (dois) conselhos, de administração ou fiscal, de empresa pública, de sociedade de economia mista ou de suas subsidiárias."

Após a reportagem do R7, o procurador Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público, apresentou ao Tribunal de Contas da União uma representação para que seja investigado o acúmulo de cargos por parte do ex-presidente da Caixa. Na ação, destaca que a Constituição Federal veda o acúmulo de cargos.

"Ora, a Constituição Federal de 1988, em seus arts. XVI e XVII (com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998), veda as acumulações remuneradas de cargos, empregos e funções na administração direta, estendendo-se tal proibição às autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público", explica.


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