CEEE admite reduzir custos para se manter pública

CEEE admite reduzir custos para se manter pública

Presidente da companhia voltou a descartar privatização, mas altos salários estão ameaçados

Ananda Müller / Rádio Guaíba

CEEE terá que reduzir custos para manter concessão

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Com a assinatura da renovação de contrato agendada para o dia 24, a CEEE vai ter prazo de mais 30 anos para operar o serviço de fornecimento de energia no Rio Grande do Sul. Conforme o presidente da empresa, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, a sensação agora é de segurança.

“Nós estávamos operando com a concessão vencida desde 7 de julho, e essa manutenção é tranquilizadora. Nós sabemos que será um tempo de muito trabalho e obstáculos, mas a empresa já atua para atender a todos os requisitos estabelecidos pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)”, disse Pinheiro Machado.

Nos próximos cinco anos, a companhia vai ter de comprovar que cumpre as exigências legais na prestação do serviço e na manutenção financeira. Pinheiro Machado fala que parte das ações já está em curso, mas admite a necessidade de enxugar gastos.

Conforme o dirigente, serão avaliadas as performances técnica e de sustentabilidade econômico-financeira da empresa, levando em consideração os índices apresentados pela CEEE. O prazo de cinco anos é dado como espécie de período probatório, no qual a estatal de economia mista vai ter de provar eficácia e sustentabilidade. Esses resultados, adverte Pinheiro, são cruciais para manter a empresa como estatal e garantir a prestação do serviço.

A direção da CEEE garante que parte das ações já está em andamento. Em um plano de resultados já encaminhado à agência, foram incluídos 60 projetos que preveem a melhoria técnica da empresa. Entre eles, a conferência diária – e não mais bimestral – dos indicadores de fornecimento, o que vai permitir a redução dos períodos sem energia a diminuição da frequência de quedas do serviço. A substituição de postes, transformadores e a poda de árvores próximas à rede fazem parte das ações preventivas que também já dão resultado.

Essas medidas permitiram à CEEE atingir o nível regulatório proposto pela Aneel com seis meses de antecedência, mas Pinheiro reconhece que o trabalho está longe de terminar. A empresa, além de manter as ações de aprimoramento técnico, precisa enxugar as contas. Despesas com pessoal, manutenção e folha de pagamento estão entre os elementos oneradores, e o desafio é reduzir custos sem aumentar a receita: “o conjunto da companhia tem muita clareza de que a CEEE tem salvação endógena. Não há possibilidade de repasses de recursos do governo federal ou dos acionistas: tudo deverá ser questão de gestão”, declarou.

Privatização descartada

Para isso, não está descartada, ainda, a busca de recursos externos. A questão da privatização, no entanto, é descartada: “O grande desafio da renovação do contrato de concessão é manter a CEEE como empresa pública”. Para tanto, reforçou Pinheiro, ela deve atender aos padrões mínimos exigidos, honrar compromissos financeiros e garantir a entrega de produtos de qualidade. “Nosso objetivo é assumir uma gestão que pense a companhia para os próximos 20 anos”, completou o presidente.

Altos salários em xeque

Na questão financeira, uma outra lista de medidas está sendo calibrada com os sócios majoritários da CEEE. O alto padrão remuneratório da companhia, visto pela própria CEEE como “fora dos níveis do mercado”, está entre os alvos. Uma das possibilidades é a renegociação de benefícios remuneratórios (os chamados penduricalhos) com os servidores, a fim de desonerar a folha de pagamento.

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