Centenas de pessoas se reúnem no Centro de Porto Alegre para ato de repúdio às invasões em Brasília

Centenas de pessoas se reúnem no Centro de Porto Alegre para ato de repúdio às invasões em Brasília

Movimento foi organizado pela Frente Brasil Popular com apoio das centrais sindicais


Tais Teixeira

Centenas de pessoas se reúnem no Centro de Porto Alegre para ato de repúdio às invasões em Brasília

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Do alto da Esquina Democrática,no Centro Histórico de Porto Alegre , era possível ver um grupo com centenas de pessoas que se reuniu no local no fim da tarde de segunda-feira para dar uma resposta às invasões ao Congresso Nacional, STF e Planalto protagonizadas no domingo, em Brasília, pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ato organizado pela Frente Brasil Popular em parceria com as centrais sindicais começou na Esquina Democrática da Capital e terminou com uma caminhada até o Largo da Epatur, no bairro Cidade Baixa, espaço tradicionalmente utilizado pelos movimentos de esquerda.

Na multidão, era possível ver que a cor predominante das roupas e bandeiras deixou de ser vermelha e adquiriu várias colorações. Era possível avistar a diversidade da faixa etária dos presentes, desde jovens até mais velhos. O presidente da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS), Amarildo Cenci, explicou que o ato sucede de uma grande frente de movimentos sociais e centrais sindicais, lideranças comunitárias e associações para dizer “não à tentativa de golpe e aos acontecimentos lamentáveis ocorridos na capital federal”.

Cenci entende que houve uma tentativa de destruir o país sem ter uma pauta estabelecida. “Foi um ataque às instituições, aos poderes constituídos sem nenhuma pauta, querendo uma intervenção militar, sendo que sequer os militares estão dispostos e disponíveis para essa aventura”, avaliou. Segundo o dirigente, a maioria do povo brasileiro repudiou essa ação, que não teria nenhum apoio internacional, e esclareceu que todos estavam ali para reafirmar que o Brasil é um país de paz e de direito. “Precisamos retomar à normalidade, pois quem paga o preço dessa instabilidade política, que afeta outras áreas, é o povo”,concluiu.

A deputada estadual Luciana Genro reforçou que o ato é um posicionamento ao que ela classifica como “golpismo terrorista, alimentado pelas forças radicais bolsonaristas” que não aceitam o resultado das eleições e pedem uma intervenção militar. “Não iremos sair das ruas enquanto não conquistarmos, o processo,o julgamento e a punição de todos os participantes, dos seus patrocinadores e do seu inspirador maior, que é Bolsonaro, que precisa ser extraditado, julgado e preso no Brasil”, destacou. A deputada enfatizou que está sendo apurado quem são os financiadores dos atos de domingo e que há possíveis indícios. “Nós soubemos que têm empresas patrocinando quem foi a Brasília e não é difícil identificá-los, porque os veículos para circular precisam de nota fiscal. Alguém pagou por esse transporte e essa será a primeira pista que a polícia federal vai investigar para descobrir quem está por trás desses atos”, ressaltou.Bandeiras de diversos partidos políticos como PT, PCdoB, PSOL, PSTU, Partido Verde, entre outros, estavam nos ombros de integrantes do grupo.

Suposta invasão foi impedida

Alvo da concentração de bolsonaristas, a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, esteve representada pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS) . O diretor do Sindipetro-RS, Dari Beck Filho, relatou que, no fim da tarde de domingo, começou um “burburinho” de uma possível invasão nas refinarias do Brasil, com mais ênfase para Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. “Então, nos preocupamos porque pessoas sem nenhum conhecimento técnico, em uma ação tresloucada, adentrarem uma refinaria, causariam um problema seríssimo contra o patrimônio, a vida de quem estivesse trabalhando no momento e no entorno”, detalhou.

Beck Filho contou que a movimentação pró-bolsonarismo em frente à Refap iniciou domingo de manhã, com cerca de 15 pessoas, chegou a uma média de 100 participantes de tarde, mas que começou a aumentar muito no fim do dia. “Informamos à diretoria da empresa e aos órgãos públicos , cobrando uma atitude, pois havia trabalhadores se organizando para resistir e evitar o risco”, comentou, reiterando que pelas 22h30min, a Brigada Militar retirou o grupo do local.

Entre os populares sem vínculos a movimentos sociais, a jornalista e produtora, Glaci Borges, foi participar do ato como cidadã. “É um absurdo que não dá para tolerar, como a destruição de arte, que foi inadmissível”, realçou.

Acompanhado de mais quatro amigos, o gerente de operações de Marketing Digital, Lucas Santos, saiu direto do trabalho e seguiu para a Esquina Democrática. “Qualquer cidadão brasileiro que preze pela democracia precisa ir para as ruas”, disse.

O historiador Paulo Klein observou que esse movimento de resposta é positivo porque mostra o desejo da sociedade de manter a democracia e a liberdade. Do ponto de vista histórico, avaliou que é importante a população marcar o seu espaço, avaliando que   invasão aos prédios dos poderes públicos foi negativa. “Nada de bom saiu daquilo”, pontuou.

A ação também ocorreu simultaneamente em outros municípios gaúchos, Caxias do Sul, Ijuí, Lajeado, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz do Sul e Santa Maria.  Novos movimentos devem ocorrer durante a semana. No entanto, a pauta ainda está em definição.

 


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