Cinco pontos que você precisa saber sobre a Argentina antes da eleição

Cinco pontos que você precisa saber sobre a Argentina antes da eleição

País vizinho elege seu presidente no domingo, em meio a polêmicas e uma grave crise econômica 

AFP

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A Argentina, terceira maior economia da América Latina, escolherá no domingo um novo presidente em meio a uma crise econômica, com 40% de sua população na pobreza, inflação anual de três dígitos e incerteza política.

Veja, a seguir, cinco pontos que você precisa saber sobre a situação atual e a história recente desse país:

Inflação, dívida, déficit

A inflação de dois dígitos tem sido a norma na Argentina há mais de uma década, mas agora atingiu uma taxa anualizada de 143%, um recorde em mais de 30 anos. Em 1989 e 1990, o país enfrentou a hiperinflação, com taxas anuais de 3.000%.

Em 2001, o país viveu sua pior crise, com confisco de depósitos bancários e default da dívida de 100 bilhões de dólares (231 bilhões de reais na cotação da época). A revolta social resultou em 39 mortes, a renúncia do presidente e a sucessão de cinco governantes em uma semana.

A desconfiança na moeda nacional estabeleceu na população a cultura de poupar em dólares.

A pobreza atingiu 40,1% no primeiro semestre de 2023. A taxa de desemprego é de 6,2%, praticamente a mesma de uma década atrás.

O endividamento e o déficit fiscal têm sido males crônicos na Argentina. No período de 1961 a 2022, houve apenas seis anos com superávit fiscal, segundo o Instituto Argentino de Análise Fiscal. Desde 1958, o país assinou mais de 20 acordos de crédito com o Fundo Monetário Internacional, o mais recente em 2018.

Ditadura

A Argentina sofreu com uma ditadura (1976-1983) que deixou cerca de 30.000 desaparecidos, segundo organizações de direitos humanos. Centenas de bebês nascidos durante o cativeiro de suas mães foram apropriados. Na busca por eles, um grupo de mulheres criou a famosa organização Madres e Abuelas de Plaza de Mayo.

Em 1985, a Argentina realizou um histórico julgamento das Juntas militares. Sobreviventes relataram um plano sistemático para perseguir e assassinar opositores, muitos jogados no Rio da Prata nos chamados "voos da morte".

O feito histórico que representa esse julgamento em uma democracia frágil foi levada ao cinema em "Argentina, 1985", que competiu em 2023 pelo Oscar de melhor filme estrangeiro.

Após a anulação das leis de anistia em 2005, a justiça condenou mais de mil repressores em cerca de 330 julgamentos. Dezenas ainda estão em andamento.

Peronismo

A vida política argentina é marcada pelo peronismo, corrente política inspirada no general Juan Domingo Perón, que foi presidente por três mandatos.

Em seu primeiro mandato (1946-1952), Perón implementou medidas que permitiram a entrada maciça de pessoas no mercado de consumo, embora com forte personalismo e uma inclinação autoritária. Sua esposa, Eva Duarte, mais conhecida como "Evita", foi um pilar na defesa dos "descamisados", os mais pobres, com ações de ajuda social direta e o fortalecimento do voto feminino. Ela morreu de câncer aos 33 anos e consolidou um mito levado ao cinema e ao teatro.

Outros peronistas que marcaram a vida argentina foram o duas vezes presidente Carlos Menem (1989-1999), de orientação liberal, e o casal Néstor e Cristina Kirchner, de tendência centro-esquerdista, que se sucederam em três mandatos entre 2003 e 2015.

O bipartidarismo entre peronistas e radicais (sociais-democratas) dominou a política até 2015, quando a coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança, liderada por Mauricio Macri, venceu as eleições.

Maradona, Messi, Francisco e o Che

Com alguns dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos, incluindo Diego Maradona e Lionel Messi, a Argentina ganhou três Copas do Mundo, em 1978, 1986 e 2022.

O argentino de maior peso internacional é o papa Francisco, ex-arcebispo de Buenos Aires, que lidera a Igreja desde 2013. Também foi muito influente o revolucionário Ernesto "Che" Guevara.

A Argentina possui cinco prêmios Nobel: dois da Paz e três em ciências (Fisiologia, Química e Medicina), formados na Universidade de Buenos Aires, pública e gratuita.

Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares, Silvina Ocampo, Julio Cortázar, Ernesto Sábato, Juan José Saer, Ricardo Piglia e César Aira são expoentes de sua literatura.

O tango é uma marca inconfundível de sua música. Atualmente, brilham no mundo a pianista Martha Argerich, o maestro Daniel Barenboim, a artista plástica Marta Minujín e a bailarina Marianela Núñez.

Riquezas naturais

Com 2,8 milhões de quilômetros quadrados, segundo país em tamanho na América Latina, atrás do Brasil, a Argentina possui inúmeras paisagens naturais, desde a cordilheira dos Andes às Cataratas do Iguaçu, passando pelas geleiras da Patagônia.

Este país de 45 milhões de habitantes possui um dos maiores depósitos de hidrocarbonetos não convencionais do mundo, Vaca Muerta, além de grandes riquezas em lítio e potencial em energias renováveis.

Sua extensa costa marítima garante recursos pesqueiros. O fértil Pampa, na planície central, é um grande centro produtivo que coloca a Argentina entre os principais produtores de alimentos do mundo.


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