Collor compara impeachment com 92 e critica "política em ruínas"

Collor compara impeachment com 92 e critica "política em ruínas"

Senador atacou governo Dilma por falta de diálogo e autossuficiência

Correio do Povo

Senador atacou governo Dilma por falta de diálogo e autossuficiência

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O senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello fez críticas ao governo Dilma, mas também a toda a política brasileira, ao discursar na análise do parecer do impeachment da presidente. Ele aproveitou a tribuna, nesta quarta-feira, para comparar o atual processo com o de 1992, que considerou "apressado" com um "relatório de meia página". Collor salientou que, no seu caso, "houve a renúncia e não impeachment".

"Jamais o Brasil passou como hoje por uma confluência tão aguda de crises na política, moralidade e economia. Chegamos ao ápice de todas as crises, às ruínas de um governo, às ruínas de um país", afirmou o senador.

Ainda assim, ele considerou que o impeachment contra ele foi muito mais rápido e respeitando menos passos em sua análise. "Em 1992, bastaram menos de quatro meses desde a apresentação da denúncia", apontou. "O rito é o mesmo, mas o ritmo e o rigor não. Estamos há 23 dias somente na fase inicial desta casa. O parecer da comissão especial que discutimos possui 128 páginas. O mesmo parecer de 1992 continha meia página, com dois parágrafos", disparou Collor.

"Fui instado a renunciar na suposição de que as acusações contra mim fossem verdadeiras. Me utilizei de advogados particulares e dois anos depois fui absolvido de todas as acusações pelo STF", frisou o senador. "Mesmo assim, perdi meu mandato e não recebi qualquer tipo de reparação", reforçou o ex-presidente.

Collor lembrou que, mais uma vez, o Brasil não deve cumprir a sucessão do caso presidencial, algo recorrente em sua história. "Nenhum presidente da república transmitiu o cargo ao seu sucessor sob as mesmas regras do antecessor até Lula. Aquelas exceções serão mais uma vez quebradas", apontou.

O senador conclamou os colegas a reconhecer os problemas da democracia brasileira. "Admitamos que regredimos no agir da política. Uma nova política precisa se estabelecer, seja qual for o resultado de hoje. Precisamos repensar e substituir a política pelo que a sociedade clama", lamentou.

Ele ainda disparou críticas ao governo Dilma. "Relegaram minha experiência, a autossuficiência pairava sobre a razão", comentou. "Fui ao longo do governo a diversos interlocutores da presidente para dialogar sobre problemas. Falei sobre minha convicção dos erros na economia. Externei minhas preocupações, especialmente após sua reeleição, quando sugeri uma reconciliação do governo com seus eleitores e com a classe política", garantiu Collor.


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