Confronto direto marca debate de presidenciáveis na TV Record

Confronto direto marca debate de presidenciáveis na TV Record

Candidatos trocaram ataques no penúltimo encontro antes das eleições

Correio do Povo

Evento foi o penúltimo debate entre presidenciáveis antes das eleições

publicidade

Confronto e provocações diretas marcaram o debate entre os candidatos à presidência da República Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Everaldo Pereira (PSC), Luciana Genro (PSol), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB), na TV Record, na noite deste domingo. Apresentado pelos jornalistas Adriana Araújo e Celso Freitas, âncoras do Jornal da Record, e contando ainda com perguntas de jornalistas, o debate foi tenso e suscitou vários pedidos de direitos de respostas por parte da candidata do PT à reeleição.

Logo na abertura, Luciana perguntou para Dilma sobre a questão dos aposentados e chamou de “maldade” os reajustes dados a eles nos últimos anos. A petista disse que o seu governo aumentou muito a cobertura de aposentadorias. “Passamos de 37 milhões para 60 milhões de aposentados. Hoje, 67% dos aposentados estão na faixa de um salário mínimo. De 2003 a 2014, esses 67% de aposentados tiveram 71% de aumento acima da inflação”, afirmou.

Luciana concordou e, na réplica, cutucou Aécio. “Sim, a maioria dos aposentados ganha até um salário mínimo porque no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi criado o fator previdenciário, mantido pelo PT”. Em seguida, Dilma se dirigiu a Marina, questionando sobre o seu voto com relação à CPMF, imposto que seria destinado à área da saúde.

“Mudei de partido para não mudar de ideias e princípios”, respondeu Marina. A petista contraatacou ao afirmar que não entende como Marina pode esquecer que votou quatro vezes contra recursos a mais para a saúde. “Me estarrece que a senhora não lembre que votou contra”, disse Dilma. Marina retrucou: “Votei à favor da CPMF, sim. Isso é mais uma distorção que o PT quer me atribuir.”

Marina então perguntou a Aécio sobre a questão energética. O tucano defendeu a maior diversificação das fontes energéticas. “Se houve investimentos em parques eólicos no Nordeste não teve planejamento para construir as linhas de transmissão para interligar o sistema”, criticou.

Nova Política acirra discussão entre candidatas

No segundo bloco, as candidatas Marina Silva e Luciana Genro discordaram sobre a questão da Nova Política, protagonizando um dos principais momentos da discussão. Marina respondeu pergunta sobre a nova política e divergiu sobre o assunto com Luciana Genro. A candidata do PSOL afirmou para Marina que ela defendia uma nova política, "mas essa nova política é muito parecida com a do PSDB, que vai gerar mais desemprego", disse, acrescentando que a de Marina defende os bancos. "Como você vai fazer uma nova política com esses seus aliados?", perguntou Luciana.

Marina disse que a nova política é, "primeiro você (Luciana) entender o que é a Nova Política, ela não é um monopólio da esquerda ou da direita. Ela é praticada pela sociedade, esse discurso que há um supremo mal. Isso é uma visão autoritária do mundo. A nova política está sendo feita pela sociedade brasileira, que tem a capacidade de fazer as mudanças que o Brasil precisa. É o que eu chamo de ativismo da sociedade, ativismo autoral. Não estou sozinha, estou com a sociedade e nós vamos fazer as mudanças.

Marina retrucou que a nova política é exatamente para evitar essa atitude de espalhar boatos e calúnias sem compromissos com a verdade. "Existe velha política de direita e também de esquerda, que espalha boatos. Eu tenho compromisso e sempre reafirmo as minhas posições, elas são as mesmas", declarou. Luciana, não satisfeita, voltou ao ataque. "A nova política da Marina é assim: ela recebe a pressão do agronegócio e cede. Ela recebe as pressões dos reacionários do Congresso, cede e muda seu programa de governo."

Programas sociais geram mais enfrentamento

Em outro bloco, Eduardo Jorge respondeu à pergunta de um jornalista se ele se sentia confortável sobre a saída de Marina, que deixou o PV logo após as eleições de 2010. "Foi disputa de poder entre a antiga direção e o grupo que estava com a Marina", respondeu Jorge. "Ela quer fundar um partido à sua imagem e semelhança. É um direito dela. Claro que o PV tem problemas, é centralizador, mas eu estou me apresentando para mudar isso. E não apenas no PV, mas em todos os partidos", declarou.

Marina Silva foi perguntada sobre a afirmação de que não acabaria com programas sociais do governo, mas foi confrontada com a opinião dos seus conselheiros econômicos, que não pensariam da mesma forma. "Se a senhora for eleita, quem decide se os programas sociais serão mantidos no seu governo?"

Marina respondeu que quem vai decidir a manutenção dos programas sociais do governo é a sociedade brasileira. "Conheço gente que nasceu em berço de ouro que se preocupa com a população. Pessoas boas existem em todos os lugares. Pretendo manter os programas sociais. Minha equipe de governo se comprometeu a manter as conquistas sociais dos governos anteriores", declarou, tentando afastar os temores de que a sua equipe corte os benefícios sociais, como o Bolsa-Família.

No comentário a Aécio Neves, afirmou que quem irá decidir no seu governo será ela. "E eu manterei os programas sociais. Até porque foi no governo do PSDB que começaram esses programas", para em seguida afirmar que irá aperfeiçoá-los. "Eu me surpreendo com a candidata que reclama que candidatos da oposição irão acabar com os programas sociais. Pois sempre fizeram essa ameaça com as candidaturas do PSDB, inclusive quando você era do PT", provocou.

Bookmark and Share

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895