Corpo de Marisa Letícia é velado em São Bernardo do Campo

Corpo de Marisa Letícia é velado em São Bernardo do Campo

Centenas de simpatizantes e políticos foram prestar solidariedade a Lula

AFP

Fotografia em preto e branco de Lula e Marisa ilustrou velório da ex-primeira-dama

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O corpo da esposa e companheira de luta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia, foi velado neste sábado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em uma cerimônia que contou com a presença de centenas de simpatizantes e dirigentes petistas. O caixão da ex-primeira-dama chegou a São Bernardo do Campo, no ABC paulista, por volta das 9h. O esquife foi coberto por uma bandeira do Brasil e outra do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi colocado na frente de uma grande fotografia em preto e branco do casal, que se conheceu no sindicato há quatro décadas. A cerimônia se encerrou por volta das 15h30min. 

Marisa Letícia Rocco – com quem Lula se casou em 1974 e teve três filhos, depois de ambos ficarem viúvos de seus primeiros cônjuges – morreu aos 66 anos no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após sofrer um AVC em 24 de janeiro. O hospital anunciou a morte da ex-primeira-dama nesta sexta, após ela ter sido diagnosticada com ausência de fluxo cerebral na quinta-feira.

Desde o início da manhã, centenas de simpatizantes do ex-presidente esperavam em fila para abraçá-lo, a maioria deles com camisetas vermelhas do PT e cartazes que diziam "Lula Presidente". "Eu admirava muito a Marisa Letícia, uma mulher (de origens humildes) que sempre lutou ao lado de Lula. Tinha muita vontade de vir a esta última homenagem e acompanhar Lula", disse Jeisa Mota, cabeleireira de 27 anos.

Emocionado e vestido totalmente de preto, o líder petista recebeu os pêsames e abraçou centenas de desconhecidos e figuras destacadas do PT, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o presidente do partido, Rui Falcão, vários membros do Congresso e ex-ministros.

"Mataram dona Marisa"

Vários aliados políticos de Lula vincularam a morte de Marisa Letícia ao ano de turbulências e sobressaltos judiciais do ex-presidente, que enfrenta cinco acusações ligadas ao escândalo de corrupção na Petrobras, algumas delas envolvendo sua esposa. "Não é exagero dizer que mataram a dona Marisa, ela foi vítima de uma perseguição gigantesca e não aguentou", disse a jornalistas o senador do PT Lindbergh Farias.

A teoria da perseguição judicial que, segundo o próprio Lula, buscaria impedir que ele seja candidato presidencial em 2018, foi esboçada também por Dilma e defendida por vários membros do PT. "Há um ano dona Marisa não tinha nenhuma alegria, vivia sob ameaças de prisão, de prisão dos filhos. Tenho convicção de que sua partida prematura está muito ligada a esse clima de ódio", disse Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula e ex-ministro de Dilma.

Na quinta-feira, o presidente Michel Temer e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foram ao Hospital Sírio-Libanês para dar os pêsames a Lula. O líder petista recebeu Temer cordialmente, e inclusive aproveitou a ocasião para fazer algumas observações políticas. Segundo vários meios, Lula criticou a proposta do atual presidente de reforma da Previdência em meio à grave recessão nacional, e lhe recomendou estimular o consumo interno em vez de promover medidas de austeridade.

"Neste momento de desavenças tão profundas, a morte de Marisa possibilitou esses encontros e a vontade de que se converse mais sobre o Brasil", afirmou no velório o ex-senador e cofundador do PT Eduardo Suplicy. O corpo da ex-primeira-dama será cremado na tarde deste sábado em uma cerimônia reservada para a família.

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