CPI da Educação visita escolas em Porto Alegre e diretores citam problema no uso de materiais

CPI da Educação visita escolas em Porto Alegre e diretores citam problema no uso de materiais

Comissão liderada pela base do governo comemorou resultados, oposição criticou

Flávia Simões*

Vereadores da CPI conversaram com a diretora da escola Porto Novo

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Os vereadores da CPI da Educação, em Porto Alegre, comandada pelo governo realizaram, nesta quinta-feira, visitas a duas escolas do município. A comissão, que tem como objetivo investigar possíveis irregularidades na aquisição de materiais pela secretaria de Educação (Smed), esteve nas escolas de Educação Básica Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha e Ensino Fundamental Porto Novo, ambas na Zona Norte da Capital. A última foi cenário de reportagens que evidenciaram caixas de livros em desuso. 

Durante as visitas algumas salas foram inspecionadas e questionamentos foram feitos às diretorias. Ambas relataram os mesmos problemas: a ausência de participação da comunidade acadêmica nas escolhas dos livros distribuídos pela Smed e o recebimento repentino e sem preparo dos materiais para utilização pelo corpo acadêmico. Apesar disso, constatou-se que agora os materiais estão sendo utilizados, mas necessitam de adaptações.

Segundo a diretora da escola Porto Novo, Carolina de Campos Derós, a escolha dos livros direcionados pelo Ministério da Educação conta com a participação de um Grupo de Trabalho formado pelo corpo docente que indica a melhor opção para a realidade da escola e dos alunos e, na maioria dos casos, são esses os recebidos. O que não ocorreu com a coleção disponibilizada pela editora Inca. A diretora afirmou que não conhecia o material didático e que eles continham ainda com alguns problemas, como erros de tabuada. Além disso, quando recebidos pela primeira vez, na metade deste ano, os livros não estavam em condições de serem utilizados devido a um armazenamento prévio precário. As caixas continham, inclusive, cocô de pomba.

Reportados os problemas, os livros foram recolhidos pela Smed e novos, da mesma editora, foram enviados. Na escola do Porto Novo foi evidenciado também materiais de música inadequados. Sem possibilidade de serem afinados, os instrumentos não passam de brinquedos e não possuem valor didático.

"Além das expectativas", avalia o governo. Oposição critica

A avaliação do presidente da CPI e líder do governo na Casa, Idenir Cecchim (MDB), é de que as visitas foram "além das expectativas". Segundo ele, a utilização do conteúdo recebido pela Smed comprova que o problema foi apenas logístico. "Aí aquela pergunta 'onde foi o dinheiro?' Está aqui (na escola). Foi bem investido", afirmou.

Na mesma linha, o vereador Tiago Albrech (Novo) credita como satisfatória a visita. Para ele, foi importante visualizar que os materiais de informática estão sendo utilizados e fazendo a diferença na vida das crianças, principalmente naquelas que vivem em situação de vulnerabilidade social. Portanto, o "problema não é na ponta". Entretanto, avalia que houve desorganização e incompetência por parte da secretaria de Educação. O movimento, agora, deve se voltar para as formas de aquisição dos materiais, acredita.

Na outra ponta, contudo, vereadores da oposição se preocupam com o direcionamento dos trabalhos da CPI. Para o vereador Alex Fraga (PSol) a visita em escolas já estruturadas é uma forma de comandar a narrativa. "Não é um problema realmente grande tu descarregar um caminhão gigantesco de material nessas escolas (com estrutura para receberem). Em escolas pequenas isso causou um problema gigantesco", afirmou, criticando ainda a disponibilização tardia da Smed de treinamento para os professores usarem os itens. Além disso, ele teme que a CPI tente culpabilizar as direções pela não utilização dos materiais. O medo é compartilhado pelo corpo docente.


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