"Crianças morrem de fome enquanto ricos tentam pagar passagem de submarino", diz Lula

"Crianças morrem de fome enquanto ricos tentam pagar passagem de submarino", diz Lula

Presidente discursou no 26º encontro do Foro de São Paulo, que reúne líderes de esquerda da América Latina e Caribe em Brasília

R7

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"Crianças morrem de fome enquanto ricos tentam pagar passagem de foguete ou de submarino", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura do encontro do Foro de São Paulo, em Brasília, nesta quinta-feira, ao criticar a desigualdade social mundial. O chefe de Estado disse que atua para que o Brasil volte a ter destaque internacional depois de "seis anos que não era levado a sério em nenhum lugar do mundo".

Lula criticou os movimentos de direita, que segundo ele vêm "contando mentiras, utilizando fake news, violentando qualquer parâmetro de dignidade para voltar ao poder". O chefe de Estado disse que não se importa de ser chamado de comunista. "Nós ficaríamos ofendidos se nos chamássemos de neofascistas, de terroristas. Mas de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha", afirmou.

Atualmente, fazem parte da entidade mais de 120 legendas. Destas, nove comandam países na região. Confira a relação dos partidos:

• Bolívia (Movimento ao Socialismo);
• Brasil (PT);
• Cuba (Partido Comunista de Cuba);
• Honduras (Partido da Liberdade e Refundação);
• México (Movimento Regeneração Nacional Morena);
• Nicarágua (Frente Sandinista de Libertação Nacional);
• Panamá (Partido Revolucionário Democrático);
• República Dominicana (Partido Revolucionário Moderno); e
• Venezuela (Partido Socialista Unido da Venezuela).

O foro foi criado em julho de 1990 depois de uma articulação que envolveu Lula e o ex-ditador de Cuba Fidel Castro. A primeira reunião ocorreu em São Paulo após a derrubada do Muro de Berlim, na Alemanha, para discutir o posicionamento de políticos e entidades ligadas à esquerda no mundo. Participaram na época 48 movimentos e organizações.

Da reunião realizada na capital paulista, saiu a Declaração de São Paulo, documento que expressa os princípios e objetivos do grupo. São eles:
• avançar com unidade consensual de propostas de ação na luta anti-imperialista e popular;
• promover intercâmbios especializados em torno dos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais; e
• definir as bases de um novo conceito de unidade e integração continental.

O encontro em Brasília é o 26º encontro do grupo — o primeiro presencial desde a pandemia da Covid-19 — e tem como tema a "Integração Regional para Avançar sobre a Soberania Latino-Americana e Caribenha". Ao menos 150 representantes de partidos de esquerda participam.

Conheça o Foro de São Paulo

A dissertação do mestre em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) Ricardo Abreu de Melo afirma que o movimento foi criado em meio ao processo que resultou na dissolução da União Soviética e no fim dos regimes aliados a ela no Leste Europeu, que causou perplexidade e crise na esquerda em todas as partes do mundo. Desde a criação, o Foro de São Paulo "se caracteriza como espaço unitário e plural de partidos de esquerda da América Latina e Caribe, que propugnam a luta anti-imperialista e antineoliberal, defendem a emancipação dos povos latino-americanos e caribenhos e se destacam pela defesa da integração continental do ponto de vista político, econômico, social e cultural".

Atualmente, três partidos brasileiros — PT, PCdoB e PCB — compõem o foro. Em 2019, o PSB deixou a entidade em meio às críticas ao autoritarismo de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. O grupo conta com 123 partidos filiados em 27 países. São três secretarias regionais: Cone Sul, no Uruguai; Andino Amazônica, na Colômbia; e Mesoamericano e Caribenho, em El Salvador. Além dessas, há uma Secretaria-Executiva, sob responsabilidade do PT, em São Paulo.

Críticas da oposição

O evento entrou na mira de parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nessa quarta, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse que protocolou uma representação no Ministério Público Federal (MPF) e no Ministério Público Eleitoral (MPE) para pedir a suspensão do foro.

Os parlamentares também questionam a festa junina Arraiá do PT. "Os ingressos estão sendo vendidos por até R$ 5.000 e, por ocorrer no âmbito de um evento com partidos estrangeiros, viola a Lei dos Partidos Políticos, pois consiste em fraude à vedação de captação de recursos de origem internacional", justifica o texto da representação.


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