Dúvidas cercam realização de plebiscito sobre venda de estatais

Dúvidas cercam realização de plebiscito sobre venda de estatais

Governo entrega solicitação na Assembleia Legislativa

Flávia Bemfica

Documento traz uma rápida menção a que a consulta aconteça em 2017

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O secretário chefe da Casa Civil, Fábio Branco, entregou pouco antes das 15h na Assembleia Legislativa a solicitação do Executivo para que o presidente da Assembleia Legislativa encaminhe a convocação de uma consulta plebiscitária a respeito da venda da CEEE, da Sulgás e da CRM. Apesar de publicamente os integrantes do governo estarem insistindo na necessidade de que o plebiscito seja feito neste ano, o documento traz uma rápida menção a que a consulta aconteça em 2017. Ao receber a solicitação, o presidente da Assembleia, deputado Edegar Pretto (PT), disse que reafirmava o compromisso da Casa com o regimento interno. Segundo ele a solicitação, inédita no RS, foi encaminhada à Superintendência Legislativa e à Procuradoria do Legislativo e somente após a análise técnica de ambas a presidência fornecerá maiores informações sobre a tramitação do pedido do Executivo.

Há uma série de dúvidas sobre a realização da consulta. Ela está prevista no artigo 14º da Constituição Federal, regulamentado pela Lei 9.709/98. O artigo 3º da Lei 9.709/98 determina que o plebiscito deve ser convocado por Decreto Legislativo. E, conforme o Regimento Interno da Assembleia, compete ao presidente da Mesa a promulgação de Decretos Legislativos.

A entrega do ofício na Assembleia ocorreu após o governador José Ivo Sartori (PMDB) ter convocado a imprensa, pela manhã, para acompanhar o ato de assinatura do documento e, ainda, o da assinatura naquele que retirou da pauta da Casa a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que previa que as três estatais poderiam ser vendidas sem a necessidade de plebiscito. Branco afirmou que a expectativa do governo é de que os líderes apreciem o pedido em sua próxima reunião, na terça-feira, para que a aprovação possa acontecer até o dia 14.

Na oposição a ‘pressa’ do governo vem sendo apontada como “jogada para criar fato político”, uma vez que na própria base aliada há resistências sobre a realização de plebiscito neste ano e a consulta em 2017 representará gastos extras. Em 2011, o plebiscito realizado no Pará para decidir sobre a divisão do Estado custou, conforme dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época, R$ 19 milhões.

Questionado sobre se o governo mudou a estratégia de atrelar a venda das três estatais à adesão do RS ao Plano de Recuperação Fiscal dos Estados montado pela União, Branco disse que “é melhor fazer esse ano o plebiscito porque aí ajuda nas negociações”, mas ressalvou que os dois projetos não estão atrelados. É o contrário do que os representantes do Executivo vinham afirmando há um mês atrás. “O plano de adesão teremos um tempo de maturação e negociação”, resumiu. A mudança evidencia outra estratégia já colocada em prática pelo governo Sartori, a de desatrelar sua imagem da administração do presidente Michel Temer (PMDB) e das denúncias de corrupção que ele enfrenta.









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