De resistência ao desfecho: Como Porto Alegre viveu o golpe de 1964

De resistência ao desfecho: Como Porto Alegre viveu o golpe de 1964

Acompanhe na linha do tempo quais foram os principais acontecimentos entre 31 de março e 2 de abril de 1964 na capital gaúcha

Correio do Povo

Recortes do CP - 60 Anos do Golpe

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Por Mauren Xavier e Rafael Renkovski

31 de março de 1964 (terça-feira)

  • Início da tarde: Começam a circular informações de um movimento das Forças Armadas em Minas Gerais contra o presidente João Goulart, que estava no Rio de Janeiro.
  • Final da tarde: O governador gaúcho Ildo Meneghetti decide fechar os portões do Palácio Piratini e o trânsito no entorno da praça da Matriz é bloqueado. O governador também requisitou as emissoras de rádio e de televisão para evitar uma reação a favor do presidente.
| Foto: Arte CP
  • À noite: Em um evento que celebrava o seu aniversário, o prefeito de Porto Alegre, Sereno Chaise, afirma que haverá uma “vigília” no Paço em defesa do presidente.

1º de abril de 1964 (quarta-feira)

  • Madrugada: O comando do III Exército, que fica em Porto Alegre, é alterado. General Benjamin Gallardo é substituído pelo general Ladário Telles, que chega durante a madrugada em Porto Alegre. A troca foi definida pelo ministro da Guerra, general Jair Dantas Ribeiro.
| Foto: Arte CP
  • 7h: O deputado e ex-governador Leonel Brizola pede ao novo comandante do III Exército para requisitar as emissoras de rádio e televisão, porém, ao contrário de Meneghetti, para estimular uma reação ao golpe. Formava-se assim novamente a Campanha da Legalidade, como havia ocorrido em 1961. Ele também chama a população para um comício na frente da Prefeitura de Porto Alegre.
  • Ao longo da manhã: É ampliada as proteções junto ao Piratini. O sistema de bondes no centro é paralisado por um ato dos funcionários. Já há militares nas ruas. As escolas começam a suspender as aulas e cresce a procura da população aos mercados e supermercados.
  • 11h30min: O governador Ildo Meneghetti faz um pronunciamento, marcando posição a favor das ações militares, e transfere as atividades do Executivo para Passo Fundo. A estratégia era evitar uma tomada do Piratini.
  • Início da tarde: A concentração começa a crescer junto à prefeitura de Porto Alegre. A Câmara de Vereadores, que era presidida por Célio Marques, realiza sessão para anunciar apoio ao presidente.
  • 13h30: Ocorre uma reunião na presidência da Assembleia, para discutir o pedido do III Exército de reivindicar o apoio da Brigada Militar para manter a mobilização contra o golpe.
  • 14h: É apresentado parecer contrário à requisição da BM.
  • 16h: É realizada sessão plenária na qual os deputados se dividem na tribuna entre manifestações de apoio e contra o presidente. No mesmo momento, o comandante do III Exército conversa com Jango, na qual acertam a vinda do presidente a Porto Alegre.
| Foto: Arte CP
  • 17h: Balanço mostra que 5 mil pessoas haviam deixado Porto Alegre pela rodoviária. O número era expressivo à época, uma vez que a movimentação diária era de 1,5 mil pessoas. Os postos de gasolina começam a ficar sem combustível. Mercados menores têm falta de itens básicos.
| Foto: Arte CP
  • À noite: A concentração é grande junto à prefeitura, que torna-se referência na resistência ao golpe, no local ocorre um ato que contou com um discurso de Brizola. A intenção do grupo era esperar a chegada do presidente, o que ocorreu só na madrugada.

2 de abril de 1964 (quinta-feira)

  • 3h15min: Após deixar o Rio de Janeiro e Brasília, o presidente João Goulart desembarca em Porto Alegre com o objetivo de articular a resistência ao movimento militar. Ele vem acompanhado de ministros e assessores. Na casa do comandante do III Exército, na Cristóvão Colombo, Goulart realizou diversas reuniões.
  • 3h30min: Em Brasília, o deputado Ranieri Mazzilli prestava juramento e era empossado na presidência do Brasil, com a justificativa de que o cargo estava vago.
  • Início da manhã: Familiares de militares se concentram junto a vários quarteis em Porto Alegre. A movimentação nas ruas do centro cresce, especialmente em frente à Prefeitura, Borges de Medeiros e Andradas.
  • 8h15min: Goulart concedeu uma entrevista coletiva. Aos jornalistas, reagiu ao golpe e afirmou naquele momento que iria resistir e permanecer no cargo.
| Foto: Arte CP
  • 11h45min: O presidente deixa Porto Alegre com destino incerto.
  • Primeiras horas da tarde: O prefeito de Porto Alegre, Sereno Chaise, faz um comunicado no Paço Municipal para a multidão que acompanhava e aguardava os desdobramentos da resistência, anunciando que João Goulart tinha renunciado ao cargo e encerrava a mobilização.
  • Ao longo da tarde: Após a manifestação do prefeito, o clima ficou mais tenso no centro de Porto Alegre. Manifestantes fazem pequenos atos contra o golpe, enquanto que o Exército, Brigada e Guarda tentam controlar os atos. O Comércio fecha as portas. Em Passo Fundo, o governador Ildo Meneghetti anuncia o retorno a Porto Alegre, em um movimento de marcha, no dia seguinte.
  • À noite: As mobilizações foram desfeitas no Centro de Porto Alegre.


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