Defendida por Lula, neutralidade da América Latina na guerra é criticada por ministro ucraniano

Defendida por Lula, neutralidade da América Latina na guerra é criticada por ministro ucraniano

Dmytro Kuleba evitou citar o nome de qualquer líder da região e reforçou que cada país tem direito de escolher sua política externa

R7

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A Ucrânia pediu nesta quarta-feira aos países da América Latina que abandonem a "neutralidade" e fiquem do "lado certo" da história diante da agressão russa. "Pedimos a todos os líderes da região da América Latina e do Caribe que deixem de lado essa chamada neutralidade e se coloquem do lado certo da história", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em entrevista coletiva com jornalistas ibero-americanos em Kiev.

"Tenho confiança em que os países da América Latina estão interessados que a Rússia seja vencida, porque é do interesse da estabilidade global que se restabeleça a legalidade internacional", disse Kuleba em entrevista coletiva organizada pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol).

Embora o chefe da diplomacia ucraniana tenha evitado criticar diretamente alguns líderes da região, como os de Brasil, Colômbia, México e Argentina, que relutam em enviar armas ou munições para a Ucrânia, e garantiu que cada país tem o direito de escolher uma política externa, Kuleba insistiu em denunciar esta "neutralidade".

"Vemos diferentes graus de neutralidade, em alguns casos adotam a posição de condenar a agressão, por exemplo em resoluções da ONU, mas dizem que não vamos enviar armas ou munições, vamos apenas ajudar com ajuda humanitária, há outros que não fazem nada", disse.

No final de janeiro, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que a Rússia estava errada por ter invadido a Ucrânia. Entretanto, em seguida, reforçou que Kiev também tem responsabilidade na guerra. "Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam. É preciso que queiram paz. Até agora, tenho ouvido muito pouco sobre como encontrar paz para a guerra", ressaltou Lula.

Kuleba enfatizou que antes da guerra, a Ucrânia sabia quem eram tradicionalmente seus aliados na região, mas que com a guerra "as relações entre a Ucrânia e a América Latina perderam o foco, a guerra mudou essa percepção". "Quando um país não pode sequer condenar abertamente uma agressão flagrante contra um Estado soberano, escolheu o lado errado, pensa que as fronteiras podem ser mudadas pela força, e também há quem opte por apoiar a Rússia, embora sejam muito poucos", acrescentou o ucraniano.

Sobre a posição da Argentina e a atitude do presidente Alberto Fernández em respeito à invasão russa da Ucrânia, Kuleba assegurou que “cada país é dono da escolha da sua política externa, mas há alguns pontos de referência que tornam a posição muito clara”.

O ministro das Relações Exteriores listou que "uma delas é votar a favor das resoluções da ONU adotadas em resposta à agressão da Rússia contra a Ucrânia. Outra é se um país fornecer ajuda concreta à Ucrânia e a terceira é apertar a mão do presidente Vladimir Putin ou do ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov, porque estão manchadas com o sangue dos ucranianos e de seus próprios cidadãos".


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