Delator da Lava Jato cita entrega de R$ 300 mil para repasse a Aécio Neves

Delator da Lava Jato cita entrega de R$ 300 mil para repasse a Aécio Neves

Dinheiro teria sido levado ao Rio de Janeiro em 2013

AE

Montante de dinheiro teria sido encaminhado ao senador Aécio Neves

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Um dos entregadores de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, Carlos Alexandre de Souza Rocha, disse em delação premiada ter entregue R$ 300 mil a um diretor da UTC no Rio de Janeiro. Este, teria informado que o montante seria encaminhado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). A delação do emissário de Youssef foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Rocha, conhecido como Ceará, disse ter feito quatro entregas de dinheiro no Rio de Janeiro em 2013. Em todos os encontros, ele era orientado a procurar um diretor da UTC local chamado Miranda. Em uma das últimas entregas, onde levava R$ 300 mil em dinheiro, passou para a sala do dirigente sem precisar se identificar para a secretária e encontrou o diretor "bastante ansioso".

Na entrega do dinheiro, o diretor da UTC teria dito, segundo Ceará "Tira, tira, tira o dinheiro! Eu já liguei mil vezes para o Walmir atrás desse dinheiro", com referência ao nome de Walmir Pinheiro, também dirigente da empresa e braço direito do dono da empreiteira, Ricardo Pessoa. Após receber os R$ 300 mil, Miranda saiu da sala e foi a outro local da empresa. Ao retornar, Ceará perguntou: "por que essa agonia por esse dinheiro?". O diretor da empreiteira teria respondido que estava sendo cobrado pelo senador Aécio Neves, que seria o destinatário dos valores.

Aos investigadores da Lava Jato, Carlos Alexandre de Souza Rocha narrou o suposto diálogo com o diretor da UTC. A menção do delator a Aécio Neves foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta quarta-feira. Ceará prestou os depoimentos entre o final de junho e o início de julho deste ano, na Procuradoria-Geral da República. As declarações foram mantidas sob sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) até este mês, quando o relator da Lava Jato na Corte, ministro Teori Zavascki, retirou o segredo da documentação. Também em delação premiada, o diretor Walmir Pinheiro foi questionado pelos investigadores sobre um dirigente da UTC chamado Miranda.

Na ocasião, Pinheiro mencionou que é um diretor comercial da UTC na sede do Rio de Janeiro, chamado Antônio Carlos D'Agosto Miranda, responsável por guardar e entregar valores a pedido dele ou do dono da empresa, Ricardo Pessoa. Ainda segundo Pinheiro, "pode ter acontecido algum episódio" em que Miranda fosse informado sobre os destinatários finais do dinheiro entregue, como forma de exigir o pagamento rápido ou demonstrar a gravidade de uma situação.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa do senador Aécio Neves classificou como "absurda e irresponsável" a citação ao tucano "sem nenhum tipo de comprovação". De acordo com a assessoria, a citação a Aécio já foi desmentida pela própria UTC, que informou que a acusação não tem fundamento, pelo dono da empresa, Ricardo Pessoa, que não citou Aécio em delação premiada e por Youssef, que disse por meio de advogado que não conheceo senador.

"A falsidade da acusação pode ser constatada também pela total ausência de lógica: o senador não exerce influência nas empresas do governo federal com as quais a empresa atuava e não era sequer candidato à época mencionada. Além disso, a UTC não executou nenhuma obra vinculada ao Governo de Minas Gerais no período em que o senador governou o Estado. O senador não conhece a pessoa mencionada e de todas as eleições que participou a única campanha que recebeu doação da UTC foi a de 2014, através do comitê financeiro do PSDB", informou a assessoria de Aécio, que classifica a menção ao tucano como uma "falsa denúncia com claro objetivo de tentar constranger o PSDB".

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