Deputada bolsonarista do PL assume presidência da CCJ na Câmara com apoio do PT

Deputada bolsonarista do PL assume presidência da CCJ na Câmara com apoio do PT

Caroline de Toni (PL-SC) foi eleita com 49 votos a favor e nove em branco

Estadão Conteúdo

Deputada bolsonarista do PL assume presidência da CCJ na Câmara com apoio do PT

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A deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC) assumiu nesta quarta-feira a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Foram 49 votos a favor e nove em branco. A posse da parlamentar no cargo representa um revés para o governo Lula, que terá de conviver este ano com uma oposicionista no comando do principal colegiado da Casa. A eleição da deputada contou, no entanto, com aprovação de deputados petistas. Segunda mulher a presidir a CCJ, ela prometeu uma gestão 'com equilíbrio'.

O Palácio do Planalto tentou evitar que Caroline assumisse a CCJ. Nos bastidores, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e outras lideranças do Centrão chegaram a avaliar que a parlamentar era polêmica demais para presidir o colegiado, mas o PL manteve a indicação.

Em público, contudo, petistas endossaram Caroline hoje. 'Se causa surpresa em alguém a bancada do PT estar votando hoje na Caroline de Toni para presidente desta comissão, essa surpresa não deveria ocorrer. Para nós é muito caro o respeito à proporcionalidade e aos acordos políticos. Sabendo que o PL tem a maior bancada da Câmara e, portanto, a primeira pedida (nas comissões), não nos cabe interferir na decisão interna do partido', disse o deputado Rubens Pereira Jr (PT-MA), durante a instalação da CCJ.

'Deputada, a senhora terá todo o nosso respeito', afirmou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a Caroline. A nova presidente da CCJ é conhecida na Câmara por trabalhar pela aprovação do chamado Estatuto do Nascituro, um projeto de lei que proíbe o aborto no País em qualquer caso. A proposta enfrenta forte resistência da esquerda. Hoje, a interrupção da gravidez é permitida quando a gestação representa um risco para a mulher ou é resultado de um estupro e nos casos em que o feto é anencefálico, ou seja, não possui cérebro.

Caroline também fez acenos. 'Podem ter a certeza que eu encararei com muita responsabilidade essa posição institucional, com uma gestão com transparência, equilíbrio, ouvindo todas as bancadas, como tem que ser, respeitando o princípio de proporcionalidade que rege todo o regimento interno da Câmara, o que também deve se refletir na pauta da comissão', afirmou.

Após o PL escalar nomes polêmicos para presidir as comissões a que tem direito na Câmara, o governo chegou a orientar as siglas da base aliada a retirarem suas indicações e não marcarem presença, com o objetivo de adiar a instalação. Lira e os líderes partidários, contudo, decidiram manter para hoje a abertura dos trabalhos dos colegiados. Para a Comissão de Educação, o PL escolheu o deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG).

Comandar as principais comissões da Câmara é sinal de prestígio político e influência interna dos partidos e dos parlamentares escolhidos para esses cargos. Os colegiados analisam projetos antes de eles serem votados no plenário da Casa. Na CCJ, por exemplo, passam todas as Propostas de Emenda à Constituição (PECs).

O União Brasil chegou a tentar emplacar o deputado Arthur Maia (BA) na CCJ, mas recuou. No ano passado, a comissão foi presidida pelo PT, com o deputado Rui Falcão (SP). O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu o comando do principal colegiado da Câmara em 2023 por meio de um acordo feito entre as legendas que apoiaram a recondução de Lira à presidência da Casa - apenas Novo e PSOL ficaram de fora.

Pelo combinado feito entre as siglas, o PL abriu mão da CCJ em 2023, mesmo tendo a maior bancada e, por isso, preferência na escolha. A promessa foi de que a legenda de oposição presidiria o colegiado em outro ano, assim como o União e o MDB, em uma espécie de rodízio.


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