Deputados estaduais apresentam 1.147 emendas impositivas ao orçamento de 2024

Deputados estaduais apresentam 1.147 emendas impositivas ao orçamento de 2024

Iniciativa do Executivo permite que cada um dos parlamentares tenha direito a destinar R$ 2 milhões de recursos da reserva de contingência a municípios ou entidades

Flavia Bemfica

Plenário da Assembleia Legislativa gaúcha, onde os deputados discutem e votam os projetos

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Os deputados estaduais apresentaram um total de 1.147 emendas individuais impositivas ao Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para o exercício de 2024. O texto, sempre de autoria do Executivo, é o que trata do orçamento do Estado para o próximo ano. Ao todo, para as contas do ano que vem, os parlamentares puderam destinar um total de R$ 110 milhões em emendas impositivas, o equivalente a R$ 2 milhões por deputado. É o dobro dos valores previstos no orçamento de 2023, quando cada um teve direito a indicar diretamente R$ 1 milhão.

Os recursos são retirados da chamada reserva de contingência prevista na peça orçamentária. O prazo para a apresentação das emendas se encerrou na terça, dia 10. Para facilitar os encaminhamentos, a Secretaria do Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) editou até uma cartilha de orientação aos integrantes do Legislativo. Em 23 páginas, a pasta detalha os procedimentos necessários a proposição e operacionalização das solicitações. Conforme o manual, o objetivo é “contribuir para a maior eficiência do processo dessa alocação e de sua execução orçamentária, minimizando os impedimentos técnicos.”

Para 2024, cada uma das emendas parlamentares só pode ter um beneficiário, seja ele município ou entidade. Dos R$ 2 milhões reservados individualmente aos deputados, pelo menos R$ 1 milhão (50%) deve ser destinado a demandas a serem executadas pela Secretaria da Saúde, com um valor mínimo de R$ 100 mil por emenda, por beneficiário. O R$ 1 milhão restante é de aplicação livre. Neste caso, cada deputado pode apresentar até 10 emendas de R$ 50 mil. As demais, ainda dentro deste R$ 1 milhão, precisam ser de R$ 100 mil cada. O regramento estabelecido permite, desta forma, que um deputado pleiteie até 25 emendas utilizando os R$ 2 milhões.

Com exceção do presidente da Casa, que em função do exercício do cargo tem restrições em relação a apresentação de projetos e emendas, todos os demais 54 deputados utilizaram o expediente para a peça orçamentária de 2024. O valor utilizado pelos deputados não está discriminado no projeto dentro da reserva de contingência. Isto só ocorrerá após o texto final ser aprovado e sancionado. O relator do texto na Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle é o líder do governo, deputado Frederico Antunes (PP). Ele tem até 9 de novembro para apresentar seu parecer. Pelo cronograma preestabelecido, a votação na Comissão deve ocorrer uma semana depois e, na seguinte, a proposta poderá ser apreciada em plenário. Até 30 de novembro o projeto precisa seguir para a sanção do governador.

O que são emendas impositivas 

As emendas parlamentares individuais impositivas são aquelas de autoria dos integrantes do Legislativo a projetos de lei de matérias orçamentárias, destinando recursos para obras, projetos ou instituições. O mecanismo existe no Congresso Nacional, em diferentes Assembleias Legislativas e em Câmaras de Vereadores. No RS, foram instituídas pelo Executivo, no âmbito estadual, durante o primeiro mandato de Eduardo Leite (PSDB), em 2019, válidas para peça orçamentária de 2020.

À época, a criação do mecanismo gerou polêmicas e protestos de parcela dos parlamentares. Naquele ano, as bancadas do PT, Psol, MDB e Novo criticaram a mudança. Algumas abriram mão de sua utilização. Com o tempo, contudo, a postura se alterou e, agora, todos fazem uso do recurso. O tema segue sendo alvo de controvérsia. Seus defensores argumentam que as emendas individuais fortalecem a participação e influência do Parlamento na execução dos recursos públicos. Já seus críticos destacam que beneficiam quem já possui mandato, podem servir de moeda de troca entre o Executivo e integrantes do Legislativo e, ainda, incentivar o clientelismo entre deputados e suas bases eleitorais.


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