Deputados querem estender fim do foro privilegiado ao Judiciário

Deputados querem estender fim do foro privilegiado ao Judiciário

PEC não pode ser votada enquanto vigorar intervenção federal no Rio

AE

PEC não pode ser votada enquanto vigorar intervenção federal no Rio

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Logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) restringir o foro privilegiado para parlamentares, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mandou instalar a comissão especial que analisa uma proposta de emenda à constituição (PEC) sobre o tema, parada desde o fim do ano passado, quando foi aprovada na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ). A norma já havia sido aprovada no Senado. A reunião de instalação da comissão especial da PEC 333/2017 deve ocorrer na próxima quarta-feira. Parlamentares esperam estender o fim do benefício também aos membros do judiciário.

Um dos entraves à PEC é a impossibilidade de alteração da Constituição enquanto vigorar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, cujo decreto vence no fim do ano. Segundo o deputado Efraim Filho (DEM-PB), que relatou a PEC na CCJ, o STF agiu porque o Legislativo demorou a tratar do tema. "A Câmara não pode reclamar daquilo que não ajudou a construir. A decisão do STF foi fruto da inércia do poder legislativo. O foro privilegiado é um instrumento obsoleto que transmite mensagem de impunidade e blindagem a corrupção", declarou o parlamentar.

Mesmo com a decisão do STF, Efraim afirmou que a PEC da Câmara não perde o sentido, pois amplia o alcance da decisão da Corte para acabar com a prerrogativa nos três Poderes. "As 'autoridades' do Judiciário e do Executivo não são diferentes do Legislativo. Devemos lutar para fazer valer o artigo 5° da Constituição Federal, todos devem der iguais perante a lei.", disse o deputado. O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), disse que o partido é favorável à revisão do foro, mas entende que o Supremo foi seletivo ao restringir apenas aos parlamentares. Ele assegurou apoio da bancada à ampliação do rol de autoridades sem foro e disse que o Judiciário agiu contra a classe política como numa "ditadura da toga".

"Acho inconsequente essa seletividade no corte, em mais um tema importante para o País que o Judiciário legisla. Revisar o foro é fundamental, mas se fez isso no sentido de dar um tratamento diferente para a política. Isso vai obrigar o Poder Legislativo a tratar da matéria no sentido de criar um cenário único", afirma Pimenta. O líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (SP), disse que o Supremo acertou ao restringir o foro a atos relativos ao mandato. Ele, porém, classificou como casuísta a decisão atingir apenas parlamentares. "Deveria alcançar todos os agentes públicos que têm a mesma prerrogativa. Certo seria essa decisão vir do Congresso Nacional."

Partidos como PSDB e PPS, que integraram o governo Michel Temer, também cobraram uma continuidade da discussão, apesar de terem elogiado a decisão do Supremo. "Acho que esse tema não encerra com essa decisão. Mas o STF deu um importante passo", disse o líder do PSDB, Nilson Leitão (MT). Cobrança Senadores também defenderam o fim da prerrogativa do foro privilegiado para todas as autoridades, com exceção dos chefes dos Três Poderes, e aproveitaram para criticar os deputados por não terem colocado a PEC sobre o tema em votação quando tiveram oportunidade, no final do ano passado.

Autor da proposta do fim do foro, o senador e pré-candidato à Presidência Álvaro Dias (Podemos-PR) avaliou que a decisão do Supremo representa uma "restrição mínima", pois boa parte dos crimes são praticados no exercício do mandato. Ele considera que o resultado do julgamento do Supremo tem "alcance insuficiente", mas que a Câmara abriu espaço para este tipo de "invasão de competência".

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