Dilma diz que Brasil precisa de exemplos e reconhece lealdade de Kátia Abreu
Para presidente, Temer terá dificuldade em acabar com programas sociais
publicidade
"Vai ser difícil eles conseguirem quebrar todos os programas, mas que vão tentar, vão", afirmou a petista, a cinco dias da provável decisão do Senado de afastá-la da Presidência e abrir processo de impeachment contra ela por crime de responsabilidade.
Sem citar nominalmente Temer, a presidente destacou que o foco do presidente interino, se assumir, é tirar do Bolsa Família de 36 milhões de beneficiários. Segundo Dilma, eles querem fazer a economia com o dinheiro dos mais pobres e "jamais se reelegeriam".
Em um aceno ao setor do agronegócio, a presidente disse que vai ser "muito difícil" reduzir recursos para o programa de safra. No início do pronunciamento, Dilma fez um agradecimento especial à Kátia Abreu, ao afirmar que o Brasil precisa de exemplos, referindo-se à ministra da Agricultura. A petista reconheceu a "lealdade" dela - a única dos sete ministros que o PMDB tinha que ainda está no cargo. Kátia deve reassumir o mandato do Senado para votar contra o impeachment da presidente.
Na solenidade, Dilma anunciou a criação da Universidade Federal do Araguaia e ressaltou que uma das maiores iniciativas da gestão dela e de Lula foi interiorizar as universidades. Ela disse que, desde o início do governo Lula, houve uma mudança no despesa pública, quando se foram feitas escolhas como a ampliação dos gastos em agricultura, produção e ações sociais. "Fizemos uma escolha diferente dos nossos antecessores e optamos pelo crescimento", afirmou.
A presidente disse que vai continuar lutando contra o pedido de impeachment em análise no Senado, que, para ela, não tem base legal. Ela mencionou que situações semelhantes que agora justificam o pedido de afastamento feitas por outros presidentes e governadores passaram em "brancas nuvens".
Dilma afirmou que os decretos citados no pedido de impeachment não referem-se a recursos que a Presidência pegou para si. Para ela, o que está em questão são atos dos quais ela participou e que são regulares. "Além de ser golpe, eles não gostam das minhas escolhas de onde gastar o dinheiro", criticou.
Sem se referir pessoalmente ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por ter deflagrado o processo de impeachment, a presidente disse não ter contas no exterior e nem ter recebido dinheiro de propina. "Falam que eu sou uma pessoa dura, eu não sou dura, sou honesta, é diferente", afirmou.
A petista defendeu que, se querem fazer um julgamento do governo dela, que se recorra ao povo brasileiro e não realize uma "eleição indireta". "Espero e tenho certeza, irei resistir até o fim e conto com vocês", concluiu.