Doleiro cita repasses de R$ 20 milhões para ex-deputado

Doleiro cita repasses de R$ 20 milhões para ex-deputado

Odebrecht classificou como "caluniosas" as afirmações de Alberto Youssef

AE

publicidade

O doleiro Alberto Youssef afirmou em sua delação premiada que a Construtora Norberto Odebrecht pagou R$ 10 milhões em propina para o ex-deputado federal José Janene (PP-PR) – morto em 2010. O valor foi depositado no exterior como parte do pagamento total de R$ 20 milhões pelo "acerto" feito em contrato de obra na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, entre 2005 e 2006, disse Youssef.

"Metade da comissão foi paga pela UTC e metade pela empresa Odebrecht", afirmou o doleiro. "A parte da Odebrecht, também de cerca de R$ 10 milhões, foi paga em dólares mediante depósito em uma conta de José Janene em um paraíso fiscal." As declarações de Youssef foram dadas em depoimento prestado no dia 20 de novembro do ano passado.

A UTC Engenharia é outra das 16 empresas acusadas de cartel, nas obras da Petrobrás. Ela era sócia da Odebrecht nesse contrato de cerca de R$ 2 bilhões para obras na Repar, na cidade de Araucária. Conforme Youssef, a propina de R$ 20 milhões era a cota de 1% que cabia ao PP, via ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, no esquema denunciado pela Lava Jato de arrecadação de até 3% em contratos da Petrobrás, comandado pelo PT, PMDB e PP.

O doleiro disse em sua delação que "por volta do ano de 2005/2006 foi solicitado por José Janene que buscasse a verba de um comissionamento da empresa UTC, relativa a uma obra ‘acertada’ na Repar, a qual estava sendo executava em consórcio formado pela UTC e pela Odebrecht". Ele argumentou em sua delação não poder precisar onde a conta foi aberta. Mas estava registrada em nome de Rafael Ângulo Lopez, também réu nos processos da Lava Jato.

Youssef afirmou que, apesar de estar em outro nome, a conta era "movimentada por José Janene". Na época, o doleiro era braço direito do ex-deputado - origem das investigações da Lava Jato.  Ele disse que foi o responsável pela movimentação dos valores em espécie. "A parte da comissão devida pela UTC, acertada em R$ 10 milhões, foi paga em dez parcelas de R$ 1 milhão em espécie", afirmou. O doleiro disse ainda ter recebido 5% da propina - de 1% do total do contrato, referente à cota do PP.

Executivos da UTC já foram alvos da Lava Jato.  Um de seus sócios, Ricardo Pessoa, cumpre prisão preventiva na Polícia Federal em Curitiba. Representantes da Odebrecht ainda não foram denunciados.

Defesas 

A UTC nega pagamentos de propina e qualquer irregularidade nos contratos da Petrobrás. Em nota, a Odebrecht classificou como "caluniosas" as afirmações do doleiro. "A Odebrecht nega em especial ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer político, executivo ou ex-executivo da estatal." A defesa de Lopez não foi localizada.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895