Eduardo Leite tenta reerguer PSDB em evento que reabilita Aécio Neves

Eduardo Leite tenta reerguer PSDB em evento que reabilita Aécio Neves

Governador do RS lançou diretrizes e marca do partido que preside, com retorno do símbolo do tucano, e fez desagravo ao deputado mineiro

Felipe Nabinger

Eduardo Leite e Aécio Neves em evento nacional do PSDB, em Brasília

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Buscando consolidar-se como um nome nacional do PSDB, ao mesmo tempo em que tenta reerguer o partido, o governador do RS, Eduardo Leite, comandou, nesta quinta-feira, um seminário nacional apontando as diretrizes tucanas, em Brasília. Após percorrer diversos Estados desde que assumiu a presidência da sigla nacionalmente, em janeiro, com uma série de eventos chamados de “Diálogos Tucanos”, o governador gaúcho apresentou a nova marca e uma carta síntese do “DNA” do partido. Porém, a apresentação acabou ofuscada pela presença do deputado federal Aécio Neves (MG).

Partiu do próprio Leite, no início de seu discurso, quebrando o protocolo, um movimento “enaltecendo” Aécio, que foi chamado ao palco. O governador afirmou ter chegado ao “fim de um calvário extenso” de um processo que se revelou “de denúncias infundadas” contra Aécio, referindo-se às acusações de recebimento de propina do empresário Joesley Batista, em 2017. Com o caso, ele se afastou dos holofotes. O deputado federal foi absolvido no final de julho pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

Eduardo Leite disse que o PSDB  não tem “réguas diferentes” entre adversários e aos próprios filiados e cobrou esclarecimentos, quando necessário, ao mesmo tempo que “demandou à Justiça que fosse ágil e célere”. Ele lamentou que o processo tenha levado seis anos para seu desfecho, mas que “antes tarde do que nunca”, o partido estava feliz que Aécio pudesse “seguir com vida pública, com a justiça ao seu lado”.

Em sua fala, Aécio revelou não esperar pelo “desagravo” do partido e que foi vítima de calúnias e difamações. “Havia um objetivo naquela época que era tirar do jogo político aquele que poderia ser uma alternativa”, falou, referindo-se às eleições de 2018. Dizendo olhar para frente com a “alma leve”, o mineiro ressaltou que o desagravo do partido era a “pincelada” que faltava e que foi dada por Leite.

“Sob seu comando, presidente e amigo Eduardo, temos todas as condições de percorrer essa larga avenida ao centro”, disse, completando que o partido não deveria se confundir com o que “está aí”, nem com o que “estava aí”, em clara referência ao atual governo de Lula (PT) e ao do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Disputa por espaço

O secretário-geral do partido, deputado federal por Minas Gerais Paulo Abi-Ackel, aliado de primeira hora de Aécio, ao fazer críticas sobre o que chamou de discurso “divisionista” do governador de MG, Romeu Zema (Novo), disse que o povo “pede a volta de Aécio” ao governo mineiro, sendo aplaudido. Em seguida, acrescentou que com a liderança de Leite o PSDB “vai voltar a governar o país”.

Eduardo Leite busca viabilizar seu nome como uma opção para 2026. Ele foi derrotado nas prévias para a disputa presidencial do partido por João Dória (então governador de São Paulo), em 2022. No entanto, nos bastidores, após a absolvição de Aécio, o nome do mineiro ganha força. Ele foi candidato à presidência da República em 2014, sendo derrotado por Dilma Rousseff (PT) por uma diferença de apenas 3,28% dos votos.

A presença de Abi-Ackel na executiva nacional do partido, além de outros aliados de Aécio, é vista como um aceno de Leite por uma unidade com o mineiro, evitando uma disputa interna.

Marca e DNA tucano

O presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, apresentou no evento a nova marca do partido, com as cores da bandeira nacional e com a volta do tucano em lugar de destaque. Em uma carta síntese, também apresentou o que foi chamado de DNA da sigla. A agenda tucana, nominada Brasil 2045, em alusão ao número da legenda, aponta 12 objetivos em diversas áreas.  

Conforme Leite, os pilares da visão do partido e os propósitos expostos fazem com que o “partido não bata cabeça” internamente. Em diversos pontos, a posição ao centro foi enfatizada e a polarização criticada. “Essa polarização, essa radicalização, que machucou os brasileiro e o Brasil, machucou o nosso PSDB também”, afirmou Leite.

Depois de governar o país por dois mandatos com Fernando Henrique Cardoso, o PSDB perdeu espaço. Em 2018, o candidato da sigla à presidência, Geraldo Alckmin, hoje vice-presidente da República pelo PSB, teve desempenho pífio, ficando em quarto lugar com menos de 5% dos votos.

Em 2022, depois de Dória desistir da candidatura, o partido apoiou Simone Tebet (MDB), a sigla seguiu em processo de redução de sua bancada federal, que baixou de 22 para 13 deputados federais, sem contar aqueles do Cidadania, com o qual está federado. Os tucanos chegaram a ter umas das três maiores bancadas nos pleitos anteriores, com uma média de 50 deputados. 


Nova marca do PSDB tem retorno do símbolo do tucano em destaque Foto: Alexssandro Loyola / PSDB / Divulgação / CP
 


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