Eleições 2024: após movimentos nacionais, direita do RS busca diálogo

Eleições 2024: após movimentos nacionais, direita do RS busca diálogo

Lideranças do PP, Republicanos e PL pretendem analisar cenários onde alianças podem ocorrer nas próximas eleições

Felipe Nabinger

Covatti Filho, Cherini e Carlos Gomes: debate será sobre alianças onde for possível

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Com a entrada de integrantes do PP e do Republicanos no governo Lula (PT), a direita gaúcha tenta evitar impactos dos movimentos nacionais na articulação para as disputas municipais nas eleições 2024 no Estado. A principal questão está no alinhamento com o PL, em busca de uma união do campo mais à direita em municípios do RS.

Recém-empossado presidente estadual do PP, o deputado federal Covatti Filho pretende trabalhar em busca da coesão deste bloco no Estado. O foco é marcar encontros com os também federais Giovani Cherini e Carlos Gomes, que presidem as executivas estaduais, respectivamente, do PL e do Republicanos.

“Lá na frente os partidos de direita têm que estar unidos. Não adianta atacar um ao outro”, afirmou, após seu ato de posse, Covatti Filho, defendendo uma possibilidade de “grande convívio” entre as legendas.

Cherini diz ainda não ter sido procurado, mas não fecha as portas para alianças estratégicas. Em Porto Alegre, por exemplo, PL e PP estão inseridos no projeto de reeleição de Sebastião Melo (MDB), onde o liberal Ricardo Gomes repetirá a dobradinha como vice.

“Acho que, no RS, precisamos ter partidos estrategicamente aliados, mas sabemos que a eleição municipal é mais localizada nos assuntos da paróquia”, explica o dirigente liberal.

Ele reforça que a orientação é não coligar com partidos do campo da esquerda, como o PT, o PSol e PCdoB. “Os demais poderemos ver as questões locais”, afirma o presidente do PL, ressaltando a necessidade de colocar nomes do partido como cabeças de chapa, salvo exceções, como na Capital.

Carlos Gomes (Republicanos) afirma que encontros entre os presidentes estaduais ainda deverão ocorrer e converge para a possibilidade de os partidos andarem juntos, onde for possível. “Enxergo com bons olhos. Não que vá acentuar a polarização, mas queremos andar com quem pensa semelhante, respeitando, claro, as lideranças municipais, que têm autonomia para decisões.”

O dirigente do Republicanos diz que a ideia é sentar à mesa com o PP e o PL e ver em que municípios uniões das siglas são possíveis. Gomes lembra que em muitos municípios já há alianças entres as legendas. Ele reforça que a executiva nacional deverá emitir resolução com sugestões aos diretórios estadual e municipais e que, em 2020, a preferência foi por alianças do mesmo espectro político.

Já Covatti Filho entende, pelo lado do PP, não ser um momento de tomar atitudes de “correção, mas de orientação” quanto às alianças municipais, não fazendo vetos a partidos, mas entendendo a necessidade de avaliar caso a caso.

Assédio por filiados

Há, no entanto, uma espécie de disputa por quadros mais à direita entre as legendas. Covatti quer combater esse assédio, pregando “respeito e harmonia” entre as siglas. No final de agosto, por exemplo, o prefeito de Esteio e responsável pela redação do programa de governo da candidatura do senador Luis Carlos Heinze (PP) ao Piratini em 2022, Leonardo Pascoal, migrou para o PL.

“O PL vai crescer em todos os municípios do RS. Não importa de onde vem, o mais importante ser bolsonarista e ser de direita”, destaca Cherini.

Já o PP garante que haverá acréscimo de novos quadros oriundos de outras siglas. “Além da gente estar sofrendo assédio, eu, automaticamente, também já estou conversando com os deputados federais, estaduais e outras lideranças, também vereadores de grandes centros, que estão descontentes com os (seus) partidos”, diz Covatti Filho.

Questões nacionais

Na última terça-feira, a executiva nacional do PP, da qual Covatti faz parte por ser parlamentar no Congresso, divulgou uma agenda 11 princípios e compromissos, buscando servir de alicerce das ações e políticas da legenda, após a entrada de André Fufuca (PP-MA) no Ministério do Esporte.

Entre as chamadas “cláusulas pétreas” há princípios que demonstram antagonismo ao governo, como a defesa da liberdade econômica e indicações contrárias ao aborto, por exemplo.

Covatti Filho diz que Fufuca não respeitou a orientação do presidente nacional Ciro Nogueira (PP-PI) e afirma que há deputados do PL que votam com o governo em determinadas pautas. Um exemplo foi uma parcela de liberais que votaram a favor da reforma tributária.

“O problema que existe nacionalmente é um problema que eles também enfrentam. Não existe a figura perfeita da política. Nem eles, nem nós. Existem objetivos dentro do RS.”

Ainda no dia 8 de setembro, o Republicanos emitiu nota da executiva nacional enfatizando ser um partido independente em relação ao governo federal e afastando das funções partidárias Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que assumiu o cargo de ministro de Portos e Aeroportos.

Cherini, por sua vez, vê o PL como “o único partido na oposição ao governo estadual e federal”. No Estado, a sigla faz uma autointitulada “oposição de direita” ao governo de Eduardo Leite (PSDB).


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