Eleições 2024: Cenário em Porto Alegre tem uma certeza

Eleições 2024: Cenário em Porto Alegre tem uma certeza

Enquanto Sebastião Melo já desponta para tentar a reeleição, outras candidaturas possíveis ainda estão longe de serem definidas

Felipe Nabinger

Os 12 candidatos a vice apresentam perfis bem diferentes entre si

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Faltando pouco mais de um ano para as eleições municipais, em Porto Alegre, enquanto o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), mesmo que evite formalizar a intenção e enfatize atenção às demandas do mandato, arranca na frente dos demais com partidos aliados institucionalizando apoio à reeleição, os demais campos caminham de forma lenta. Melo, além do PL, do vice Ricardo Gomes, que deverá repetir a dobradinha no pleito de 2024, o PTB e o PP, em encontro políticos com a presença de Melo e Gomes, realizados na última terça-feira e no sábado, respectivamente, endossaram apoio.

No comparativo com a eleição passada, dos três principais postulantes ao Paço Municipal, além de Melo, antes do eleitor depositar seu voto nas urnas, Manuela D’Ávila (PCdoB) e Nelson Marchezan Júnior (PSDB), têm sua posição indefinida quanto a voltar a concorrer, enquanto José Fortunati (União Brasil), que figurava entre os favoritos nas pesquisas, mas desistiu da campanha faltando quatro dias para o primeiro turno pela impugnação de seu candidato a vice, já definiu que não concorrerá. “De lá para cá, tenho sido sondado e procurado por vários partidos que tentam me estimular a concorrer no próximo ano. Pensei muito sobre isso e, de forma tranquila e definitiva, posso garantir que não serei candidato. Nem a prefeito e nem a vereador”, garante. 

Prefeito por seis anos, entre 2010 e 2016, tendo o próprio Melo como vice ao ser eleito em 2012, Fortunati entende que, em uma eleição municipal, o eleitor foca mais nas demandas da cidade, ficando a questão nacional em segundo plano. Mesmo assim, ele acredita que o “bolsonarismo” e o “lulismo” terão influência no resultado, mas não serão fatores determinantes.

Marchezan, antecessor de Melo que ficou fora do segundo turno em 2020, prefere se manter longe dos holofotes por ora. Procurado, o ex-prefeito prefere não se manifestar. Enquanto isso, o PSDB, embora esteja na base de Melo, deverá ter um candidato próprio, focando em alianças do chamado centro democrático, enquanto Melo tem o apoio de partido mais à direita. A sigla, que está federada com o Cidadania e o Podemos, pode ser incorporado nesta federação em breve.

Além do nome de Marchezan, existe uma vertente que defende a candidatura da deputada estadual Nadine Anflor, que teria que alterar seu domicílio eleitoral de Getúlio Vargas para Porto Alegre. Outro nome é o da deputada federal Any Ortiz (Cidadania), que figura em pesquisas de opinião realizadas neste ano.

Manuela defende a realização de prévias

Agente ativo na campanha presidencial de Lula, mas fora da disputa por cargos nas eleições gerais de 2022, Manuela D’Ávila também é citada e figura em pesquisas. A ex-deputada federal vê como natural seu nome constar nos levantamentos, visto que chegou ao segundo turno em 2020. Manuela defende a realização de prévias para a escolha do candidato do campo da esquerda, como forma de ampliar a conexão com as pautas sociais e populares, destacando as mulheres, o movimento negro, os indígenas, a comunidade LGBTIA+ e a juventude. 

A ex-deputada evita, no entanto, dizer se colocará seu nome à disposição. “Hoje me dedico ao debate sobre a necessidade de estarmos unidos e garantirmos que a renovação que a esquerda conquistou na cidade, com a eleição da bancada negra, por exemplo, sejam ouvidas e estejam representadas nesse processo”, afirma, reforçando que as forças democráticas e de esquerda, unidas, podem derrotar o que chama de “projeto desastroso e atrasado” representado por Melo.

Assim, no campo mais à esquerda, a união, até então inédita, no ano passado entre a federação do PT e o PSol no Estado, é vista como necessária para o enfrentamento com Melo. No início do mês passado, dirigentes partidários, vereadores da Capital e deputados estaduais das bancadas da federação do PT, que incluem PCdoB e PV, e do PSol reuniram-se no gabinete da bancada petista na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, em encontro intermediado pelo líder da oposição no legislativo municipal, Roberto Robaina (PSol).

Porém, novos passos são tímidos, em encontros de portas fechadas. Pedro Ruas, segundo vereador mais votado da Capital em 2020, é o nome do partido para uma eventual composição de chapa com outra legenda. Manuela D’Ávila enfatiza, como fundamental para uma vitória do campo à esquerda, a necessidade de um “projeto conectado com os problemas da cidade, a mobilização de nosso sonho de uma Porto Alegre mais justa e, também, unidade política”.

Juçara diz que eleição ainda não é foco 

A presidente estadual do PT, Juçara Vieira Dutra, que neste ano também está à frente da federação regional, afirma que o foco da direção gaúcha, por enquanto, está nas definições sobre a ocupação de cargos no governo Lula no Estado. “Temos conversado sobre os espaços de governo no Estado e, em seguida, iniciaremos os debates sobre as eleições municipais”, explica Juçara, projetando esse mapeamento, que inclui a definição de nominatas conjuntas com o PCdoB e o PV, para a partir de julho deste ano. Ela rechaça, no entanto, que a oposição esteja “largando atrás” do prefeito Sebastião Melo (MDB), pois vê como natural o ocupante do mandato ter uma vantagem inicial.

Embora a executiva estadual do PT evite falar em nomes para 2024, a deputada federal Maria do Rosário e o deputado estadual Miguel Rossetto são ventilados nos bastidores políticos como possíveis nomes para a disputa. Edegar Pretto, atual diretor-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), entendido internamente como opção para novamente disputar o Executivo estadual em 2026, não está figurando entre os prefeituráveis.


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