Eleições 2024: MDB fala em menos "lulismo ou bolsonarismo" e prega união no RS

Eleições 2024: MDB fala em menos "lulismo ou bolsonarismo" e prega união no RS

Partido reuniu lideranças em congresso estadual que encerrou série de encontros projetando pleito do ano que vem

Felipe Nabinger

Lideranças do MDB gaúcho falaram sobre expectativas para o partido em 2024

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Um partido mais protagonista e unido, menos “lulista” ou “bolsonarista”. Esse foi o principal ponto das falas de lideranças do MDB gaúcho em congresso estadual realizado na manhã deste sábado. Embora o foco estivesse na mobilização para as eleições municipais de 2024, a temática de um projeto do partido acima da polarização nacional, permeou os discursos no ato que ocorreu no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa.

Após “rachaduras” internas na eleição passada, com discussões sobre candidatura própria ao Piratini ou coligação com o governador Eduardo Leite (PSDB), o pedido é de união. Ele veio do presidente nacional da sigla, Baleia Rossi, que, mesmo sem estar presente no ato, encaminhou um vídeo, reproduzido no telão. “Esse time, unido, é imbatível. Sei que ao longo da caminhada, a gente tem sempre um obstáculo, a um problema. Mas brigas internas não levam a nada. Levam ao enfraquecimento do MDB”, afirmou, atrelando a isso um alicerce para 2026.

Nacionalmente, a sigla faz parte do governo Lula (PT), enquanto no Estado é base de Leite e, em Porto Alegre, tem o prefeito Sebastião Melo apoiado pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Melo disse que a sigla precisa entender que não se faz políticas sem alianças, mas criticou a conjuntura nacional e cobrou protagonismo do MDB. “Um partido precisa ter rumo, rosto e alma. Temos que rever nosso partido nacionalmente e não ficar na rabeira de projetos dos outros.” Devendo concorrer a reeleição, voltou a afirmar que não vai levar o debate para o lado ideológico, comprometendo-se a conversar com as pessoas e dizendo que “seu partido é Porto Alegre”.

Ex-governador do Estado, Germano Rigotto defendeu projetos do MDB, citando reformas realizadas em âmbito nacional e estadual, falando da necessidade de deixar “bolsonarismo e Lulismo de lado”. “Esse partido precisa ser renovado, precisa ser oxigenado. E isso passa pelas candidaturas em 2024. Essa é a luta da construção de uma unidade partida.”

O ex-senador José Fogaça, vice-presidente estadual e um dos responsáveis pela preparação do partido para as eleições de 2024, promoveu uma reflexão sobre o cenário político. Fogaça acredita que os movimentos de junho de 2013 criaram uma visão de anti-partidarismo e promoveu um movimento popular que hoje forma a direita brasileira.

No entanto, para o ex-senador, isso arrefeceu é há um equilíbrio de forças. “Se olharmos hoje, temos uma força política na esquerda, formada por partido como o PT e o PSol, uma força política na direita, e o MDB, um partido que caminha íntegro, de cabeça erguida”, disse.

Ele lembrou que três presidentes da República foram eleitos por partidos que tiveram protagonismo efêmero, somente naquelas eleições exitosas, citando Jânio Quadros, Fernando Collor e Jair Bolsonaro, eleitos pelo PTN, PRN e PSL, respectivamente. “As pessoas olham o MDB como confiável, não é um partido que nasce hoje e morre amanhã. Tem solidez, história e projeto”, enfatizou Fogaça.

Convocações

Entre as lideranças, muito se falou em protagonismo. Houve “convocações”, que já haviam ocorrido em encontros anteriores em âmbito regional, renovadas. Uma delas foi a do ex-governador José Ivo Sartori, para concorrer à prefeitura de Caxias do Sul. Novamente ele evitou confirmar a possibilidade, chegando a “repassar” o convite a Rigotto, arrancando risos dos presentes.

Os secretários do governo do Estado, Beto Fantinel, em Santa Maria, e Giovani Feltes, em Novo Hamburgo, foram alguns destes. Mas não houve nenhum anúncio de pré-candidatura de forma oficial.

Atualmente, o MDB conta com 136 prefeitos no RS, atrás somente do PP. A ideia, conforme Fábio Branco, presidente estadual do partido, é aumentar esse número. Ele, que é prefeito de Rio Grande, reforçou como intuito do encontro fortalecer o partido para as eleições de 2024.

“Tudo que fizemos aqui no nosso movimento é pelas eleições municipais, para termos o maior número de candidatos aptos a vencer. E tenho certeza que vamos vencer.”

Além de integrantes das bancadas na Assembleia e na Câmara, prefeitos, vices, presidente de núcleos, de Rigotto, Sartori, Fogaça e Melo, o ato contou também com a ex-senador Pedro Simon e com o atual vice-governador Gabriel Souza.

Embate centro x direita

Na Argentina, acompanhando a comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para a posse de Javier Milei, o deputado federal Osmar Terra foi ausência, mas um movimento seu provocou discussão no evento.

Um manifesto da corrente "Ordem e Progresso" do MDB foi entregue a todos os presentes em nome dele. O documento apresenta 15 considerações ou propostas, como a defesa da família, contrariedade ao aborto e a ideologia de gênero, defesa do liberalismo na economia e defesa “intransigente” do agronegócio, um Judiciário sem “militância ideológica”, entre outras.

As bandeiras similares aos dos partidos de direita, embora pregue, em seu resumo, independência. A organização dessa corrente partidária é justificada no texto pelo objetivo de “travar o debate partidário crítico e sadio”.

Secretário parlamentar do gabinete de Terra, Daniel Kieling, recebeu algumas vaias, entendidas como "democráticas", ao citar que o parlamentar se encontrava no país vizinho com Bolsonaro. Ele defendeu que não basta o partido ser uma “geleia” de centro, precisando ter lado.

Ato contínuo, Paulo Cattaneo, ex-prefeito de Soledade, subiu ao palco dizendo ter “orgulho de ser centro” e que não é geleia, tendo um posicionamento “mais firme que extremistas de esquerda e de direita”.

Além disso, defendeu que quem se candidata tem que respeitar o voto de forma democrática, independente de quem for eleito, em crítica alusiva aos movimentos como o ocorrido em 8 de janeiro. Ao deixar o palco, ele e Killing tiveram uma discussão mais acalorada.

Prêmio aos prefeitos

Buscando fortalecer a bandeira do municipalismo e criar um banco de projetos de boas práticas na gestão pública, o partido realizou o Prêmio MDB de Soluções Municipais, entregue durante ao congresso.

Gustavo Stolte, de Quinze de Novembro, na categoria Agricultura; Daniel Hinnah, de Panambi, em Desenvolvimento Econômico; Paulo Kohlrausch, de Santa Clara do Sul, e Desenvolvimento Social; Sebastião Melo, de Porto Alegre, em Desenvolvimento Territorial; e Paula Facco Librelotto, na Edução, foram aos prefeitos com projetos premiados em primeiro lugar.

O congresso foi o encerramento do Mobiliza 15, série de encontros em nove macrorregionais, contando com representantes das 33 coordenadorias do partido, que buscou, conforme o presidente estadual Fábio Branco ouvir as lideranças locais, auxiliar no mapeamento dos municípios e equalizar questões referentes a campanha, a comunicação e questões jurídicas.


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