Foi de poucos avanços no sentido de o MDB ter uma definição sobre o que vai fazer na eleição para o governo do RS a reunião desta terça-feira, em São Paulo, entre o presidente nacional da sigla, o deputado federal Baleia Rossi (SP), e o pré-candidato do MDB ao governo gaúcho, o deputado estadual Gabriel Souza. No Estado, o partido se divide entre os que desejam ter candidatura própria e os que aceitam indicar o vice na chapa do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que formalizou sua pretensão de concorrer novamente ao Piratini na segunda-feira.
Após o encontro, Gabriel divulgou uma nota, reafirmando sua pré-candidatura. Baleia, por sua vez, disse, em entrevista ao Correio do Povo, que a conversa foi longa, e que, nela, pediu, a partir da formalização da pré-candidatura de Leite, que seja aberto no RS um diálogo que replique a aliança nacional do chamado centro. Na semana passada, o PSDB confirmou o apoio à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB/MS) à presidência da República.
O dirigente destacou, porém, que o compromisso da executiva nacional é o de que a unidade ocorra através do convencimento. “Nada vai ser imposto. A senadora já conversou com o ex-senador Pedro Simon. E vamos conversar com o Luís Roberto Ponte, com o Odacir Klein, com o Sebastião Melo, que é uma grande referência, tem muito peso na decisão do partido, para mostrar a importância da unidade.” Baleia não quis estabelecer um prazo para o partido definir. Segundo ele, em função da capilaridade do MDB gaúcho, a decisão não vai ocorrer “da noite para o dia”. Ressalvou, contudo, que é otimista e, por isso, acredita que a escolha deverá ocorrer antes da convenção partidária, pré-agendada para 31 de julho.
O MDB gaúcho está dividido em duas partes sobre qual o melhor caminho a tomar na eleição estadual, e elas se subdividem. As divisões vêm desde o ingresso da sigla na base aliada do governo tucano e se intensificaram na mesma medida em que crescia a aproximação de parte de suas lideranças com o ex-governador. As divergências internas que marcaram a definição do nome do pré-candidato acabaram se transformando em crise depois que Leite, que havia sinalizado que apoiaria um candidato do MDB à própria sucessão e se dedicaria à eleição presidencial, voltou à corrida regional após o insucesso da empreitada nacional. A avaliação interna entre lideranças das diferentes alas é de que, mesmo que se mostre com maiores chances de chegar ao segundo turno, a indicação do vice na chapa tucana tende a, na prática, gerar divisões ainda maiores do que as atuais e a enfrentar dissidências explícitas na campanha. “Ninguém quer atirar a primeira pedra e depois ficar marcado como aquele que puxou a fila para enterrar a candidatura própria do maior partido do RS”, resume uma das lideranças emedebistas que participa das articulações de bastidores.
Flavia Bemfica